terça-feira, 26 de outubro de 2010

Trabalho Pesado

Carpegiani chegou no São Paulo em um momento bastante delicado, com o time praticando um futebolzinho ridículo, e amargando uma sequência de três partidas sem vitória. É verdade que insucessos, não chegam a ser nenhuma novidade neste desastroso ano de 2010, mas talvez por finalmente ver que já nos encontrávamos no mês de Setembro, que o ano já estava se encaminhando para o seu fim, e que até então muito pouco tinha sido feito em prol do time, Juvenal Juvêncio decidiu trocar alguém que ele tratava como interino, por alguém que ele considera ser um técnico de verdade.
Juvenal teve seus motivos para escolher Carpegiani, seja pelo bom trabalho que ele estava executando no Atlético Paranaense, seja pelo seu salário mais "modesto" em relação a outros treinadores, seja pela promessa de que os garotos da base teriam uma oportunidade no time profissional; enfim, os motivos agora não importam mais, uma vez escolhido o novo comandante, gostando ou não, resta a nós torcedores neste início de trabalho apoiar Carpegiani.
Conforme eu havia escrito em uma postagem anterior, analisar o trabalho de um profissional recém chegado ao clube a partir de poucas partidas, seria algo precipitado, pois dificilmente eu conseguiria sustentar tanto uma crítica quanto um elogio, tendo como base uma análise imediatista e superficial, oriunda de meia dúzia de partidas. Portanto, se não elogiei Carpegiani depois de três vitórias consecutivas, não será após a derrota de 2x0 para o Ceará, que me fará tecer críticas a nosso treinador, pois assim estaria sendo no mínimo incoerente.
O que eu posso, e me sinto à vontade em afirmar com todas as letras, é que Carpegiani terá um trabalho muito, mas muito trabalho pesado pela frente para acertar este time do São Paulo, não devido suas limitações, mas porque nossos problemas dentro de campo além de não serem poucos, são de difícil solução (ou alguém considera ser uma tarefa fácil, fazer o Renato Silva passar uma partida sem comprometer o sistema defensivo; transformar o Dagoberto em um sujeito menos estúpido; explicar para o Richarlyson que o menos pode ser mais; e ensinar o Jean a cruzar uma bola), com o agravante de que fora do campo, nossos dirigentes contribuem e muito para o mau funcionamento de nosso time como um todo (visto a ausência de laterais no elenco, a inexistência de um meio campista organizador, e um banco de reservas composta em sua maioia por um bando de refugos).

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Obrigado, Futebol

Muitos me perguntam (e por vezes, até eu mesmo me faço este questionamento), se não é loucura demais acompanhar absolutamente todos os jogos do São Paulo no Morumbi, e ainda encarar algumas viagens nas partidas em que somos visitantes, abrindo mão e sacrificando tantas outras coisas, por causa do futebol. Não sei se minhas respostas conseguem convencer alguém, na verdade, esta nem é a minha intenção, mas se necessário fosse, não necessitaria de muitos argumentos, pois partidas como São Paulo e Santos disputada no domingo, encerram qualquer tipo de discussão, acerca do incomparável prazer que tenho ao presenciar partidas de futebol.
Por mais que o cinema e a música (outras grandes paixões que tenho na vida), possam me proporcionar ótimos momentos, eles não conseguem ser tão intensos e prazerosos, comparados com os que vivo na arquibancada. A partida de domingo ilustra muito bem, o quanto o futebol, e somente ele, mediante as mais diversas sensações que ele provoca, pode me trazer uma felicidade tão profunda quanto verdadeira.
A visita que fiz ao Morumbi na tarde de domingo, sem dúvida alguma será para sempre lembrada como um dos momentos mais memoráveis que já passei dentro de um estádio de futebol, dada a maneira épica como nossa vitória foi conquistada. A virada avassaladora no placar, o empate santista através de um penalti inexistente, a inferioridade numérica após a expulsão de um de nossos jogadores, chances perdidas de ambos os lados, e o gol da vitória aos quarento e oito minutos do segundo tempo.
Em uma fração de segundos, o futebol me levou da agonia ao êxtase, e naquele estado de euforia absoluta permaneci por mais algumas horas, celebrando não apenas nossa vitória, mas o futebol em si, e tudo de positivo que ele pode oferecer à um apaixonado por este esporte.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Destoando

A vitória contra a equipe do Grêmio Prudente, era uma obrigação quase que moral. Primeiro porque nosso adversário era, e ainda é, o lanterna da competição, e perder pontos para um time que se encontra nesta situação, seria constrangedor; segundo porque ao derrotar essa aberração que é este atual time do Prudente, antigo Barueri, fazemos um bem ao futebol brasileiro, pois assim, decreta-se logo o rebaixamento deste time artificial, sem história e sem torcida, sendo seu lugar ocupado por um time de verdade, como o Coritiba ou o Bahia por exemplo.
O triunfo são paulino frente o Prudente, somado com a vitória contra a equipe do Vitória, fez muito torcedor voltar a se empolgar com nosso time. Não sei se é minha limitação em analisar o futebol taticamente, se sou eu que ultimamente ando meio aborrecido e pessimista, ou se é alguma má vontade escondida em meu subconsciente; mas confesso que não consigo compartilhar da mesma empolgação e opinião desses torcedores, por ora, meu pensamento destoa da maioria. Admito que por mais que eu me esforce, ainda não enxergo nenhuma melhora, nenhum sinal de evolução neste São Paulo agora comandado por Carpegiani.
Na verdade, acredito que duas partidas seja muito pouco, para analisar o trabalho de um profissional recém chegado ao clube, portanto tenho a impressão que qualquer parecer que eu possa emitir acerca de Carpegiani neste momento, será algo feito de maneira precipitada. Dificilmente conseguirei sustentar tanto uma crítica quanto um elogio, tendo como base uma análise imediatista e superficial, oriunda de apenas cento e oitenta minutos de futebol.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Em Busca Do Tempo Perdido

Não sinto ser necessário ter de esperar até o final do ano, para afirmar que nossa temporada, ainda a dois meses do fim, já está completamente perdida. Essa assertiva, hoje já é constatada, independente da confirmação oficial de que não venceremos o Campeonato Brasileiro, e tampouco conquistaremos uma vaga à próxima Libertadores.
Na verdade, essas perdas que serão decretadas no final do ano, ocorrerão em consequência deste ano já perdido a muito tempo atrás. Hoje, a menos de três meses do fim da temporada, fica mais claro e mais fácil compreender em que momento começamos a jogar nosso ano no lixo, e o que fizemos e deixamos de fazer para transformar 2010 em um ano esquecível.
As evidências de que nosso ano seria uma dureza, começam a aparecer logo no início da temporada, quando nossas contratações são anunciadas. Não dava mesmo para esperar muita coisa de jogadores do gabarito de Léo Lima, André Luis, Cléber Santana e Carlinhos Paraíba; assim como insistir em um atleta malevolente como o Dagoberto, e jogadores (para pegar leve com eles) pouco produtivos como Richarlyson, Roger e Renato Silva, como se eles pudessem nos levar a algum lugar de destaque. O reflexo dessas decisões equivocadas de nossa desastrosa diretoria, logo começaram a serem sentidas dentro de campo, com o São Paulo praticando um futebol capenga e ordinário, sendo eliminado de todas as competiçoes que participou.
Dentro deste contexto nada animador, no qual ainda estamos inseridos, mudanças são necessárias, e elas não se resumem apenas a troca de técnico, uma vez que nossos problemas vão muito além daquele cidadão que fica à beira do gramado. Na verdade, a questão do técnico tornou-se um problema, a partir do momento em que Juvenal começou a colocar profissionais limitados a frente da nossa equipe, e não deu o devido respaldo aos mesmos, tanto no que tange a contratação de jogadores minimamente capacitados, como em questão de respeito e transparência na relação profissional com eles.
Precisamos buscar o tempo perdido, recuperar nossa condição de protagonista, do contrário, continuaremos a nos apequenar, ganhando uma partida contra um Vitória da vida, e posteriormente empatando ou perdendo para um time um pouco mais qualificado. O problema é que os grandes responsáveis por conduzirem este profundo processo de renovação que necessitamos, são os mesmos que fazem esta busca pelo tempo perdido, se tornar algo incessante.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Considerações Breves

Sobre o final de semana:

- Não há muito o que falar sobre o jogo de sábado contra o Avaí em Florianópolis, foi uma partida sofrível e esquecível, que não foi digna de nota. No placar, um 0x0 que ilustra muito bem o baixo nível não só da partida, como também das duas equipes que insistiram em judiar da bola durante os noventa minutos. Não é a toa que as duas agremiações despencam na tabela.
- Carpegiani para mim é o Ricardo Gomes parte dois, um técnico bem mais ou menos, com uma carreira medíocre, que nada de relevante possui em seu curriculum. Nem de longe ele era o técnico que a torcida esperava para para substituir Sérgio Baresi, está cada vez mais difícil, saber o que se passa na cabeça de Juvenal Juvêncio, ao optar por um profissional deste gabarito. Só nos resta mais uma vez apoiar, e ter paciência com um profissional que muito provavelmente deixará a desejar.

O Morumbi E Eu


Me tornei são paulino no longíquo ano de 1985, lembro que naquela época eu já gostava de futebol, porém ainda não torcia para nenhum time. Meu pai, que dava pouquíssima importância para o futebol, nunca fez questão de compartilhar comigo a pequena simpatia que ele nutria por seu time, deste modo, ele nunca tentou me transformar em um torcedor do mesmo time que o dele, no caso, o Palmeiras. Hoje eu tenho que agradecer meu pai por isso, mesmo ele tendo sido tão negligente, ao não cumprir aquele que é um dos maiores deveres de um pai para com seu filho: ensinar o rebento a torcer para um time de futebol.
Minha escolha pelo São Paulo portanto, foi algo completamente espontâneo, sem a intervenção de ninguém. Lembro que ao assistir pela televisão, os melhores momentos de um São Paulo 4 x Palmeiras 4, válido pelo Campeonato Brasileiro de 1985, por algum motivo que só meu coração pode responder, acabei me apaixonando por aquela camisa branca com as listras vermelha e preta na horizontal. Daquele dia em diante, nunca mais pude acompanhar uma partida do São Paulo de maneira impassível, o que eu começava a sentir por aquele time não permitia mais tamanho distanciamento.
O amor pelo tricolor a cada dia que passava só aumentava, nunca em toda minha pequena vida até então, eu havia me interessado por algo com tanta intensidade e paixão. Não demorou muito, e logo fui ganhando minha primeira camisa e meu primeiro shorts do São Paulo, contudo o que eu mais queria, demorou mais dois anos para ser realizado; assistir a um jogo no estádio do Morumbi.
No dia 23 de Agosto de 1987, meu pai finalmente cedeu aos meus pedidos, e me levou ao Morumbi, justamente em uma partida contra o seu Palmeiras, era o segundo jogo válido pela semifinal do Campeonato Paulista daquele mesmo ano. Me lembro até hoje que naquele dia, um domingo ensolarado, minha mãe fez o almoço mais cedo para saírmos de casa com tempo suficiente para chegarmos no estádio. Já nas proximidades do campo, a recordação que guardo, diz respeito ao tamanho da multidão que tomava conta das ruas, não me lembrava de alguma outra vez em minha vida, ter visto tanta gente junta encaminhando-se para um mesmo lugar.
Já dentro do estádio, o que mais me impressionou foi o tamanho do campo, e toda a atmosfera criada pelas torcidas; as cantorias, as bandeiras, as faixas, as fumaças coloridas, os papéis picado, as cornetas e os batuques. Sobre o jogo em si não me recordo de muita coisa, apenas que ganhamos de 3x1 e que meu pai não ficou nenhum pouco triste que o time dele tinha perdido, pelo contrário.
Não tenho dúvidas que participar de tudo aquilo, foi fundamental para solidificar de vez todo aquele amor que eu começava a sentir pelo futebol e pelo São Paulo. Hoje, vinte três anos depois da minha primeira visita ao Morumbi, que sábado completou cinquenta anos de vida, posso afirmar que mesmo não encontrando mais muitos daqueles elementos que encantaram um garoto de sete anos, e depois de algumas outras centenas de visitas, onde aprendi a vivenciar o futebol na sua plenitude, saboreando a felicidade e a euforia da vitória, e amargurando a tristeza e a pertubação da derrota, são nos degraus de cimento das arquibancadas do Cícero Pompeu de Toledo, onde ainda muitos dos meus sonhos se tornam realidade.