terça-feira, 27 de agosto de 2013

Alívio

Aguardava o confronto de domingo contra o Fluminense com muita ansiedade. Mesmo não valendo taça, este jogo tinha para todos nós uma importância semelhante a de uma final de campeonato, sendo que uma derrota poderia ser tão desastrosa quanto a perda de um título. Aquele de fato não era um simples jogo de primeiro turno, a maneira como a diretoria do São Paulo encarou o embate entre tricolores é uma prova disso, promovendo o jogo com ingressos a preços populares, camiseta comemorativa e distribuição de bandeirinhas nas arquibancadas.
Estava em disputa ali muitas outras coisas além dos três pontos, contudo começar a mudar o rumo do São Paulo dentro da competição passava obrigatoriamente pela conquista de uma vitória diante do rival carioca, do contrário nossa situação ficaria ainda mais complicada e perigosa. Encerrar o longo jejum sem vitórias era uma necessidade que não podia mais esperar, e dessa vez tudo conspirava a nosso favor: estádio cheio e pulsando, time descansado e treinado e até o inédito sal grosso jogado na escada de acesso ao campo.
Vimos no gramado do Morumbi um São Paulo mais organizado e compacto dentro de campo, que soube ocupar melhor os espaços, atacando e defendo de forma objetiva e segura e não dando aos jogadores do time adversário nenhuma liberdade para articular suas jogadas. Não testemunhamos uma atuação brilhante e acima de qualquer suspeita, porém ela foi boa o suficiente para dominarmos a partida e finalmente conseguir sair com a vitória estampada no placar, 2x1!
A sensação de alívio é enorme. Depois de tanto tempo amargando os dissabores de uma série de empates e derrotas que parecia não ter mais fim, poder voltar para casa comemorando uma vitória foi algo que fez um bem danado para todos aqueles que tanto dentro quanto fora de campo vestiam vermelho, branco e preto. É verdade que o triunfo e os três pontos ainda não nos livram da zona de rebaixamento, entretanto o primeiro passo para sair desta incomoda posição enfim foi dado.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Dois pontos a menos na bagagem

 
Brasília era uma das poucas capitais brasileiras com times que já participaram do Campeonato Brasileiro da primeira divisão neste atual sistema de disputa, que eu ainda não havia visto o São Paulo jogar. Como os times mais tradicionais de lá estão muito longe de algum dia voltar para a primeira divisão, eu achava que tão cedo não teria a oportunidade de acompanhar um jogo na capital federal.
Havia me esquecido de que as vésperas de uma Copa do Mundo, vivemos hoje o auge do futebol moderno no Brasil. Tempo este em que as coisas relacionadas ao futebol ou mudaram ou perderam muito do seu sentido, tanto que um São Paulo e Flamengo que deveria ser disputado no já pronto (e desfigurado) novo Maracanã, foi transferido para Brasília sem que isso fosse questionado ou causasse um estranhamento nas pessoas, sendo aceito de forma natural.
Uma típica bizarrice deste novo mundo do futebol, mas da qual eu consegui tirar algum proveito, conhecendo uma nova cidade e um novo estádio ao mesmo tempo. Sobre a cidade o que eu tenho a dizer é que para quem não está acostumado, se locomover por ruas que não são identificadas pelo nome de alguém ou algo, mas por uma composição de letras e números que lembram uma placa de carro é uma tarefa complicada.
O estádio Mané Garrincha por exemplo, está localizado no que eles chamam de asa norte na estrada SRPN 00. Consegui chegar até lá porque era possível enxergar o estádio de longe, do contrário eu teria enfrentado sérios problemas para chegar no jogo antes do apito inicial. Até o GPS se perdia no meio de todas aquelas ruas "sem nome". Finalmente no destino, chegava o momento de conhecer um futuro elefante branco padrão Fifa.
Encontrei em Brasília um estádio que segue rigorosamente os preceitos do futebol moderno: ingressos caros, inexistência de arquibancadas, espaços multiuso, telões entretendo as pessoas e outras baboseiras do tipo. E um público condizente com esta nova ordem futebolística: um consumidor alienado que não dá a devida atenção ao que acontece dentro de campo, encarando o futebol como espetáculo e diversão.
Essa combinação criou uma atmosfera esquisita, bem diferente da esperada para um embate envolvendo times com tamanha rivalidade. O fato da partida não ter acontecido em São Paulo ou no Rio de Janeiro também contribuiu para o estabelecimento de um clima festivo. Poucos eram os torcedores paulistas e cariocas que viajaram para Brasília a fim de acompanhar seus times, isso era nítido pelo comportamento das pessoas e pela quantidade de camisas de outras agremiações avistadas no estádio, transformando todos os setores em áreas mistas, igualzinho em uma Copa do Mundo.
Com a bola rolando vi um verdadeiro confronto de cegos. Embora o jogo tenha sido movimentado, as chances criadas ao longo dos noventa minutos estiveram muito mais relacionadas com as falhas do sistema defensivo dos dois times, do que com o poder de criação dos mesmos. Além de defenderem mal e criarem pouco, ninguém ali era capaz de finalizar uma jogada decentemente. Infelizmente atingimos o ápice da incompetência nos chutes a gol, quando nosso camisa dez desperdiçou uma cobrança de pênalti aos quarenta e dois minutos do segundo tempo.
Não gostei nenhum pouco do 0x0 no placar, nossa crítica situação no campeonato me faz interpretar este resultado como a perda de dois pontos e não a conquista de um. A vitória mais uma vez não veio, e essa uma dúzia de jogos seguidos sem conseguir somar os três pontos em disputa pesa muito, não apenas pelos pontos que deixamos pelo caminho, mas por tudo aquilo que um simples 1x0 poderia significar e representar para o time e para a torcida.
 
 


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pensamentos

“A coisa está lá dentro o tempo todo, procurando um jeito de sair.”
“ No que você está pensando? – pergunta ela. A essa altura eu minto. Não estava pensando nem um pouco em Martin Amis, em Gérard Depardieu ou no Partido Trabalhista. Mas é que nós, obsessivos, não temos escolha...” Nick Hornby - Febre de Bola, pp. 09 e 10.

Eu realmente procuro pensar e preencher minha mente com outras coisas que não o futebol, contudo eu não consigo. Passo o dia tentando me ocupar com os afazeres do trabalho, com questões relativas à família e com outras responsabilidades do cotidiano, porém o esforço é completamente em vão. A única imagem possível na minha mente, aquela que a todo instante vem me atormentar é a do São Paulo saindo de campo novamente sem a vitória.
Tento também me enganar e me convencer de que o time conseguirá superar esse terrível momento e escapar do rebaixamento, e que caso a gente realmente caia, a segunda divisão talvez nem seja tão ruim assim. Ridiculamente fracasso mais uma vez, entro em pânico tão logo um novo resultado negativo surge, e a possibilidade de um futuro confronto contra o Boa Esporte Clube numa terça-feira a noite comece a se concretizar e a povoar meus pensamentos.
Por mais paradoxal e estranho que possa parecer, o único momento do dia em que esqueço e não enlouqueço pensando em classificação, número de pontos e série B é justamente quando estou na arquibancada. Isso não significa algum tipo de autocontrole da minha parte, pelo contrário, durante o jogo a tensão é tão grande e toma conta de mim de tal forma que não consigo pensar em rigorosamente nada.
Confesso que isso me faz sentir bem, durante os noventa minutos que minha cabeça se transforma em algo vazio eu me sinto imunizado. O mais louco e doentio nisso tudo é que quanto mais o São Paulo afunda, quanto pior é a nossa fase, maior é o alívio que eu sinto de estar no estádio. Talvez seja este um dos motivos da minha presença na maior quantidade possível de jogos, porque o estádio me serve como uma espécie de refúgio de mim mesmo e de meus pensamentos.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Caindo


Era o jogo do São Paulo antepenúltimo colocado contra a Portuguesa penúltimo colocado, portanto dado o ridículo posicionamento de ambos os times na tabela quem saísse de campo derrotado complicaria demais sua situação dentro do campeonato, sobretudo pelo fato dos pontos perdidos serem cedidos para um concorrente direto na complicada luta pela permanência na primeira divisão. Tínhamos pela frente o adversário ideal, era vencer a partida e começar a respirar um pouco mais aliviado.
A vitória novamente não veio, dessa vez além dos problemas crônicos de sempre referente a ineficiência da defesa, meio de campo e ataque, que costumam ser decisivos negativamente em nossas derrotas, um pênalti perdido pelo capitão e a mão na bola de um atacante afoito que resultou na anulação de um gol certeiro contribuiu de maneira fatal para mais uma derrota. Com o resultado negativo afundamos ainda mais na zona de rebaixamento e de lá parece que não conseguiremos sair tão cedo.
A situação é desesperadora, vagamos completamente sem rumo tanto dentro quanto fora de campo e o São Paulo não dá o menor sinal que vai conseguir superar este terrível momento. Uma infindável sucessão de erros por parte de dirigentes e jogadores está colocando praticamente tudo a perder, e da maneira como as coisas caminham não me parece que haverá tempo hábil para contornar toda essa situação, principalmente porque não é possível vislumbrar nenhuma perspectiva de mudança.
Sim, estamos caindo. Qualquer avaliação e interpretação do atual momento vivido pelo São Paulo deve obrigatoriamente levar isso em consideração, tentar mostrar uma realidade diferente, que não aborde essa possibilidade configura-se como um enorme equívoco, uma verdadeira irresponsabilidade. Mesmo que o campeonato seja longo e que ainda haja pela frente mais vinte e seis jogos a serem disputados, a queda para a segunda divisão é real e começa a fazer parte de um processo quase que irreversível.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Registrando

Um gol aos quarenta e sete minutos do segundo tempo, que ao mesmo tempo decretou a derrota para o Kashima Antlers pelo placar de 3x2, a perda da Copa Suruga e o fim da deprimente viagem são paulina por terras europeias e nipônicas. Voltamos para casa sem ter muito o que comemorar, embora a sequência de catorze jogos sem vitória tenha chegado ao fim, tão logo o São Paulo voltou a entrar em campo mostramos que somos capazes de estabelecer outra sequência de resultados negativos.
A suspeita de que esta inoportuna viagem seria um verdadeiro fiasco se confirmou, repetimos em solo estrangeiro o fraquíssimo futebol praticado nos gramados brasileiros. Ao analisarmos a campanha de três derrotas e somente uma mísera vitória em quatro jogos disputados, perceberemos o quanto a mesma foi ridícula. Placares adversos, apresentações sofríveis, jogadores risíveis e imagem internacional arranhada; sob quase nenhum aspecto encontramos motivos para comemoração.
Por pura sorte e incompetência dos adversários que brigam diretamente conosco na parte debaixo da tabela, voltamos neste final de semana para a disputa do Campeonato Brasileiro praticamente na mesma posição que nos encontrávamos antes da infeliz viagem para o exterior. Permanecemos afundados na zona de rebaixamento ocupando a antepenúltima posição, algo que poderia ser ainda pior, dado que a perspectiva inicial era a de que retornaríamos segurando a lanterna do campeonato.
Concordo que em se tratando de São Paulo Futebol Clube, estar em décimo oitavo lugar ao invés de décimo nono ou vigésimo não deveria nunca ser algo digno de nota, mas infelizmente nossa realidade hoje é totalmente oposta àquela que historicamente o torcedor são paulino está acostumado. Falar do São Paulo na atualidade não é falar de título, de luta por vaga na Libertadores, de um elenco qualificado e de dirigentes competentes- pelo contrário, é constatar um processo de autodestruição que nos impôs uma inédita e impensável luta pela sobrevivência na primeira divisão.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Voltando a vencer

Um retrospecto de catorze jogos seguidos sem vitória é humilhação e vergonha demais para qualquer time do mundo, quando o time que alcança essa marca é reconhecido como uma das maiores instituições do futebol mundial a estranheza é grande, chegando a ser algo inimaginável. Era impossível pensar que algum dia o São Paulo ficaria tanto tempo sem ganhar uma partida, porém como já faz algum tempo que o Morumbi é uma completa bagunça esse jejum de vitórias é compreensível.
Demorou demais, muito além do aceitável, mas finalmente o São Paulo voltou a fazer aquilo que dele (como um clube vitorioso que é) se espera: vencer partidas de futebol. A sensação de alívio ao saber da vitória sobre o Benfica pelo placar de 2x0 em jogo válido pela Copa Eusébio no Estádio da Luz foi enorme, todos os amigos são paulinos que estavam comigo se fartando num memorável churrasco nas sociais do Morumbi no sábado, tiraram um peso gigantesco das costas.
Mais tarde acompanhando um compacto da partida vi que o São Paulo não fez uma boa apresentação, principalmente no primeiro tempo onde os erros e as falhas de sempre quase colocaram novamente tudo a perder. Contudo, a vitória veio e era isso o que realmente importava, voltar a vencer e interromper a maior seca de vitórias da nossa história. Assim, um jogo que em um outro contexto não teria muita importância, mesmo valendo taça, adquiriu um significado especial e de certo modo diferente.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Copa Audi

Sempre gostei destes torneios curtos de no máximo dois jogos disputados na Europa. Cresci vendo o São Paulo disputar e ganhar Teresa Herrera, Ramón de Carranza, Santiago de Compostela e outras competições do mesmo tipo, por isso quando recebemos o convite para participar da Copa Audi considerei que seria algo válido e proveitoso. Porém, o que ninguém poderia imaginar é que chegaríamos na Alemanha em meio a maior crise da nossa história, assim um torneio que a princípio era bem interessante para nós, transformou-se em uma coisa totalmente inoportuna e fora de propósito.
Não dava para esperar muita coisa do São Paulo neste torneio, na verdade não dava para esperar rigorosamente nada. Se não conseguimos fazer frente para um monte de times fracos no Campeonato Brasileiro, não seria contra o atual campeão europeu, com um dos melhores elencos da sua história que o São Paulo, com um dos times mais tosco e sem personalidade desde sua fundação conseguiria alguma coisa diferente da derrota. A suspeita foi confirmada, mal conseguimos passar do meio de campo, não fosse a grande atuação de Rogério Ceni e teríamos levado uma goleada.
Na disputa de terceiro e quarto lugar outra atuação insignificante, agora daquilo que chamamos de time reserva, mais uma derrota para nosso cartel. No final das contas, ou melhor, no final do torneio os jogos contra Bayern de Munique e Milan serviram unicamente para: aumentar nossa vergonhosa sequência de resultados negativos e intensificar o estado de agonia permanente dos torcedores são paulinos. Nada de positivo e útil pôde ser observado nessas duas partidas, tentar afirmar o contrário chega a ser uma verdadeira temeridade.