segunda-feira, 29 de abril de 2013

Muito sobre a camisa e um pouco sobre a classificação

A existência de uma cláusula no estatuto do São Paulo, que proíbe o uso de um terceiro uniforme sempre foi para mim algo digno de comemoração. Enquanto nossos rivais se descaracterizavam vestindo uniformes roxo, cinza, vinho, azul e amarelo fluorescente, o São Paulo felizmente se recusava a adotar tal prática. Muitos enxergam e classificam essa postura como errada, atrasada e conservadora demais, eu vejo nisso um enorme e admirável respeito as nossas tradições.
É verdade que ao longo dos nossos setenta e oito anos de história, em algumas ocasiões chegamos a usar outros uniformes que não o nosso tradicional fardamento tricolor, contudo todas elas foram exceções bem pontuais ou obras meio que do acaso (como nas vezes que por falta de uniforme reserva usamos camisas emprestadas por outras agremiações). Nada do que aconteceu no passado pode ser comparado ao que presenciamos ontem no Morumbi.
Hoje o contexto é completamente diferente, décadas atrás o marketing estava muitíssimo longe de contaminar o futebol com seus conceitos e práticas predatórias, besteiras como terceiro uniforme não fazia parte do vocabulário do futebol. Bons tempos aqueles que não tínhamos que lidar com torcedores/consumidores deslumbrados, que anseiam por novidades e que não se importam em ver nossa sagrada camisa ser completamente desfigurada.
Ao entrar em campo para enfrentar a Penapolense vestindo um uniforme todo vermelho (camisa, calção e meias), diferente do que afirmam os profissionais do departamento de marketing são paulino, não participamos de um evento histórico, único e especial, mas sim de um momento esquecível dentro da história do São Paulo. Ignoramos o estatuto e a história para que pudéssemos usar um terceiro uniforme (aquilo não era uma camisa comemorativa como a tricolor celeste que nunca chegou a ser usada em um jogo oficial) pavoroso, portanto não vejo motivos para querer guardar isso na memória.
Após o estranhamento e a vergonha com o uniforme diminuir, pude dar a devida atenção ao jogo. Não esperava que a classificação fosse tão suada e sofrida, tivemos muita dificuldade para conseguir fazer o gol da vitória (na verdade a Penapolense fez para a gente), por muito pouco tudo não foi resolvido através das sempre tensas cobranças de pênalti.  Quando o árbitro encerrou a partida o alívio e a comemoração foi intensa, tanto pela classificação que estava assegurada quanto pelo desaparecimento de campo daquele ofensivo uniforme vermelho.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Dezenove rodadas depois

 
O jogo em Mogi Mirim foi lastimável, nosso preguiçoso e desentrosado time reserva não conseguiu chutar uma bola sequer com perigo à meta adversária. Se este jogo é digno de nota, isso se deve ao fato dele ser válido pela última rodada. Demorou, mas dezenove rodadas depois a entediante primeira fase do Campeonato Paulista finalmente chegou ao fim. Exceção feita aos clássicos contra porco e gamba e o jogo contra o Santos, o resto do campeonato foi uma interminável sequência de jogos desinteressantes contra times falidos do interior paulista em estádios quase sempre vazios.
Agora com o início da fase mata-mata, poderemos enfim acompanhar um campeonato mais atraente, onde todos os jogos terão mais sentido, apelo e público. A vantagem oriunda da conquista da liderança pode não significar muita coisa (jogar pelo empate sem dúvida alguma seria bem melhor), todavia com o São Paulo tendo o mando de campo, fico aliviado ao saber que até a semifinal não terei que me matar buscando um ingresso de visitante para o jogo na casa do adversário.
O caminho até o título passará obrigatoriamente por um confronto contra a Penapolense nas quartas de final, provavelmente por um clássico contra o small club na semifinal e possivelmente por uma final contra porco ou sardinha. Ao longo das últimas décadas os campeonatos estaduais perderam boa parte do seu charme e importância, contudo as rivalidades locais permaneceram intactas. Assim quando nos vemos envolvidos em uma disputa direta contra nossos maiores rivais, não tem como pensar em outra coisa que não o título em cima de algum deles.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

Um pedido de desculpas

Confesso, eu duvidava da classificação do São Paulo. Não fui tão idiota a ponto de deixar de apoiar e torcer contra como alguns pseudo torcedores fizeram, contudo minha descrença fez com que eu subestimasse nossa grandeza, nossa história, nossa camisa, nossa tradição e a força do nosso estádio. Ontem voltando para casa após a grandiosa vitória que nos valeu a classificação, me senti envergonhado por ter desconfiado e de certo modo até desrespeitado o São Paulo.
Portanto, nada mais justo do que agora eu pedir desculpas aqueles que fizeram o São Paulo ser este gigante do futebol mundial:

Desculpa Albella, Bauer, Bellini, Benê, Bernardo, Bezerra, Canhoteiro, Careca, Chicão, Cícero Pompeu de Toledo, Cilinho, Darío Pereyra, De Sordi, Dino Sani, Fabio Simplício, França, Friedenreich, Gerson, Getúlio, Gino Orlando, Josué, Jurandir, King, Leonardo, Leônidas da Silva, Laudo Natel, Lugano, Luizinho, Marcelo Portugal Gouvêia, Mario Tilico, Maurinho, Mauro Ramos, Mineiro, Muller, Muricy Ramalho, Nelsinho, Noronha, Oscar, Pablo Forlán, Palhinha, Paraná, Porfírio da Paz, Pedro Rocha, Peixinho, Pintado, Piolin, Pita, Poy, Raí, Remo, Renganeschi, Roberto Dias, Ronaldão, Rubens Minelli, Ruy, Sastre, Serginho Chulapa, Sídnei, Silas, Teixeirinha, Telê Santana, Terto, Toninho Cerezo, Toninho Guerreiro, Waldir Perez, Zé Sérgio, Zé Teodoro, Zetti, Zizinho.

E aqueles que continuam fazendo:

Desculpa Rogério Ceni, Paulo Miranda, Lucio, Rafael Tolói, Carleto, Wellington, Denilson, Douglas, Ganso, Osvaldo, Aloísio.
 
Obrigado, São Paulo, e mais uma vez, me desculpa.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um jogo para ser esquecido

Diferente do que aconteceu no meio de semana em Santa Bárbara do Oeste, quando vivencie uma experiência das mais marcantes, o jogo de sábado no Morumbi contra o XV de Piracicaba foi algo para ser completamente esquecido. Como tratava-se de uma partida que para nós não tinha a menor importância, pois qualquer que fosse o resultado nossa situação permaneceria igual, a expectativa era mesmo bem pequena.
Soma-se a total falta de apelo da partida a combinação estádio vazio, organizadas vomitando as costumeiras merdas e o São Paulo jogando um futebol abaixo da crítica para termos motivos de sobra para nunca mais querer lembrar deste jogo horroroso. Não me arrependo de ter ido ao estádio, ainda acho que para mim este era o melhor programa possível para uma tarde de sábado fria e chuvosa.
Penso apenas que a gente merecia ter visto algo bem melhor, que os jogadores mesmo sendo em sua maioria reservas e sofrendo com a falta de entrosamento, deveriam ter feito uma partida muito mais digna. Não foram capazes, por consequência fomos castigados a presenciar uma hora e meia de maus-tratos a bola, assim voltamos para casa sem fazer questão de levar na memória qualquer recordação da partida.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A essência do futebol em forma de estádio

Primeira fase do Campeonato Paulista, jogo no meio de semana em horário complicado, time recheado de jogadores reservas, cidade a uma distância considerável da capital, ingresso e pedágio caro. Convenhamos, São Paulo e União Barbarense não era um jogo dos mais interessantes, contudo aquela inquietação oriunda da necessidade de acompanhar todos os jogos possíveis do tricolor, mais a vontade de conhecer um estádio que eu nunca havia visitado antes, foi o suficiente para que eu ignorasse todas as adversidades e pegasse a estrada rumo a Santa Bárbara do Oeste.
Essa minha obsessão doentia relacionada ao futebol ontem foi devidamente recompensada. Não, não estou me referindo a vitória de virada do São Paulo pelo placar de 2x1 que nos garantiu a liderança definitiva do campeonato estadual, mas sim a grande felicidade que foi conhecer o estádio Antônio Lins Ribeiro Guimarães e constatar que este foi sem dúvida alguma, um dos estádios mais bacana e agradável que já tive o prazer de acompanhar uma partida de futebol ao longo de toda a minha vida.
Ao fazer esta afirmação, peço por favor para que vocês esqueçam por um momento tudo aquilo que hoje convencionou-se chamar de arena multiuso padrão Fifa. Os grandes momentos desfrutados no estádio em Santa Bárbara não estão relacionados  as supostas facilidades e modernidades desses empreendimentos como os lugares marcados, as cadeiras de plástico, os camarotes, os setores vip e a outras baboseiras do tipo; mas sim a simplicidade e a beleza de um estádio antigo e acanhado, a inexistência de divisão de setores, uma arquibancada de concreto de um lado e de ferro do outro e ao torcedor fazendo uma pressão enorme (dada a proximidade da arquibancada com o gramado) no trio de arbitragem e nos jogadores do time adversário junto a um alambrado enferrujado.
Muitos podem dizer que isso é romantismo e saudosismo demais de minha parte, que o campo do Barbarense não passa de um lugar decadente e ultrapassado, totalmente fora do padrão vigente. Pode até ser, mas a verdade é que isso não tem a menor importância, principalmente para aqueles que ontem estavam presentes no estádio e que continuam tratando o futebol como uma manifestação verdadeiramente popular, e não como uma diversão ou entretenimento feito para ser consumido por pessoas que tratam o futebol como algo descartável.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Contextualizando o jogo em Ribeirão Preto


A viagem para Ribeirão Preto estava programada desde o dia que a tabela do Campeonato Paulista foi divulgada. Fazia tanto tempo que eu não assistia um jogo naquela cidade (a última vez tinha sido aquele desastroso empate em 1x1 contra o Santo André no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2009), que eu não queria perder outra oportunidade de acompanhar um jogo no estádio Santa Cruz. Assim três horas e meia de estrada, meio tanque de gasolina e sete pedágios depois (impressionante a quantidade de pedágios nas estradas de São Paulo) eu chegava na Califórnia brasileira.
Era grande a vontade que eu tinha de presenciar este São Paulo e Botafogo, e meu desejo aumentou ainda mais quando sábado pela manhã através do noticiário esportivo eu vi a palhaçada promovida pelos imbecis da torcida independente na porta do CT da Barra Funda. Sim, porque as vezes estar do lado do time significa obrigatoriamente se opor a aqueles idiotas que supostamente deveriam ser considerados nossos pares, porém ao fazerem isto que eles erroneamente qualificam como protesto, fica claro que (parafraseando o lema deles) vossos sentimentos são movidos por ideais que passam longe do amor e do respeito ao São Paulo Futebol Clube.
Felizmente tivemos a sorte desta partida ter acontecido bem longe do Morumbi, pois do contrário certamente grande parte da torcida seguiria o embalo dos carnavalescos, cambistas e talibãs que se encontram na arquibancada laranja, e novamente seríamos testemunhas de outro papelão protagonizado pelas organizadas e reverberado por seus simpatizantes. Não que a torcida não possa protestar, contudo muitos ou não sabem ou entendem de maneira errada o conceito da palavra protesto.
Sim, porque não é possível que alguém considere válido ou positivo ficar todo jogo pedindo raça, cantando que a Libertadores virou obrigação, gritando que é preciso ter muito respeito com a camisa tricolor ou ir até o local onde os jogadores treinam e colocar nariz de palhaço. Sério, é preciso ser muito maldoso e frustrado (jornalistas e blogueiros que se levam à sério demais), ter interesses políticos, econômicos e pessoais (diretores, conselheiros e cardeais) ou se beneficiar de alguma maneira e possuir uma visão extremamente limitada (torcedores organizados/profissionais) do que de fato acontece com o clube e com o time para levar em consideração manifestações desta natureza.
Como ontem no estádio em Ribeirão Preto o número de sujeitos que se encaixam nos exemplos acima citados era insignificante, pude acompanhar o jogo sem sentir vergonha alheia ou me irritar com o som que emanava do setor reservado à nossa torcida. Ao invés das costumeiras baboseiras vomitadas no Morumbi, músicas apoiando e incentivando o São Paulo eram cantadas a plenos pulmões por torcedores interioranos que ainda não se deixaram contaminar. Espero encontrar em Santa Bárbara do Oeste no meio da semana  um clima semelhante ao desfrutado no campo em Ribeirão Preto.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Eliminação à vista

No momento que os grupos da Libertadores foram divulgados senti que a sorte sorriu para nós, uma vez que caímos em um grupo fácil ao lado do Atlético Mineiro e dos risíveis e inexpressivos The Strongest e Arsenal de Sarandi. Qualquer um que olhasse a composição do grupo que fazíamos parte, inclusive torcedores do time boliviano e do time argentino, apostaria nos dois clubes brasileiros como os grandes favoritos a conquista das duas vagas em disputa no grupo. Não dava para pensar de outra forma, era para se classificar sem sofrimento e somando uma boa quantidade de pontos.
Quem imaginaria que hoje, faltando apenas um jogo para o término da primeira fase o São Paulo estaria à beira da eliminação. Sim, sejamos honestos e realistas, um time que soma apenas quatro míseros pontos em quinze disputados (a mesma quantidade que o último colocado, ficando a frente somente porque nosso saldo de gols é menos ridículo, -2 contra -6) precisando agora não apenas vencer seu último jogo, mas dependendo também de uma combinação de resultados, está muito mais perto de uma vexatória e precoce eliminação do que de qualquer outra coisa.
Nossa situação que já era complicada antes mesmo do jogo contra o The Strongest ficou ainda mais crítica após a derrota em La Paz. Foi um confronto com final trágico, porém muito disputado, com os dois times se lançando ao ataque e criando diversas oportunidades. Infelizmente não conseguimos aproveitar nenhuma, nossos atacantes em uma noite pouco inspirada perderam gols de tudo que é jeito, em contrapartida os atacantes adversários souberam explorar as falhas de marcação do nosso frouxo sistema defensivo construindo a vantagem no placar. Foi a primeira vez na história que perdemos um jogo para o The Strongest, revés este que não poderia ter vindo em pior hora.
A matemática e os números mostram que a chance de classificação embora seja bastante reduzida ainda existe, contudo eu sinceramente não sei se dentro de campo o São Paulo será capaz de conquistá-la. Tenho ingresso comprado para esta partida já faz quase um mês, ficarei com meus amigos no lugar de costume na arquibancada e torcerei desesperadamente para que a vitória venha e o resultado do jogo na Argentina entre Arsenal e The Strongest seja favorável para nós, entretanto acho que voltarei para casa provavelmente tendo que lidar com aquela amarga sensação de frustração absoluta, oriunda de uma eliminação que parece estar muito próxima.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Derrota idiota

Puxando na memória os jogos realizados ao longo dos últimos anos entre São Paulo e small club, fico impressionado com a quantidade de vezes que erros individuais foram cometidos por jogadores do São Paulo resultando em gol para os caras. E incrível, em vários jogos contra esses malditos é comum ver algum infeliz vestindo nossa camisa (quase sempre o último homem da linha da defesa) fazendo uma merda homérica na frente do atacante adversário deixando-o na cara do gol.
Ontem mais uma vez essa sina se repetiu. Rafael Tolói (que até então vinha fazendo uma boa partida) recuou de forma bisonha uma bola para Rogério, que não conseguiu chegar nela antes do atacante gambá e acabou cometendo o pênalti. Assim um jogo que encaminhava para o empate, dado o equilíbrio entre as duas equipes dentro de campo, teve seu curso completamente alterado após um lance bizarro que infelizmente já estamos acostumados a ver em um majestoso.
O árbitro que durante os noventa minutos apitou o jogo de maneira tendenciosa, sempre favorecendo o time de preto e branco em suas decisões, na minha opinião, ao menos no lance do pênalti acertou ao marcar a infração. Para piorar um pouco mais a situação, Rogério protagonizou uma cena ridícula ao ajoelhar diante do juiz contestando a marcação do pênalti, uma atitude totalmente desnecessária e infantil, principalmente partindo do capitão e líder da equipe.
Definitivamente foi uma tarde e um jogo para ser esquecido, vide a maneira que conseguimos perder. Mesmo que o clássico não valesse nada em termos de pontos e posição na tabela é impossível não se incomodar e se aborrecer com uma derrota para aqueles filhos da puta. Quando tenho que lidar com um momento como este, pouco me importa se jogamos bem ou mal ou se a derrota foi merecida ou não, pois absolutamente nada me servirá de alento na tentativa de amenizar as dores e as perturbações oriundas de uma derrota tão idiota como esta.