sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Males que vem para o bem?

Sempre temi que a campanha de recuperação que fizemos no Campeonato Brasileiro a partir da chegada de Muricy, que acabou nos livrando do temido rebaixamento, encobrisse muita coisa errada que acontecia no São Paulo. Sabia que a sequência de resultados positivos que nos tirou do fundo da tabela e nos colocou no meio dela, poderia fazer com que a torcida não conseguisse dimensionar a realidade de merda na qual continuávamos inseridos, passando a tratar vagabundos como heróis.
O receio era o mesmo em relação à Copa Sul-Americana. Conforme íamos aos trancos e barrancos avançando de fase, dependendo de uma atuação monstruosa do Rogério nas oitavas de final para reverter o resultado e tendo a sorte de enfrentar um adversário que não chutava a gol nas quartas de final, sabia que a longo prazo o título sul-americano faria mais mal do que bem. Com a taça na mão, poucos continuariam questionando a capacidade de jogadores e dirigentes.
Não estava torcendo contra, muito pelo contrário. Na cabeça de alguém que este ano já foi em cinquenta e oito jogos do São Paulo (número esse que poderia ser maior caso a tabela e o meu direito de ir e vir fossem respeitados) essa é uma hipótese inviável, totalmente fora de cogitação. A questão é que a combinação permanência na primeira divisão mais título era perigosa demais, seria se iludir com uma mentira, acreditar que apesar de tudo time e diretoria tinham seu valor.
Empatar com a Ponte Preta e acumular mais uma eliminação no ano serviu para mostrar nossa realidade, aquilo que de fato somos hoje. Com as feridas expostas e sem um título para maquiá-las, a expectativa é que os responsáveis por colocar o São Paulo nessa situação lamentável comecem a encarar nossos problemas de frente, não mais os empurrando com a barriga. Caso a indiferença tanto dentro quanto fora de campo permaneça, 2014 será mais um ano onde o “grande feito” na temporada terá sido escapar do rebaixamento.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Desculpe, Rogério

Maior goleiro artilheiro do mundo com 113 gols;
Imbatível recorde de 1117 jogos com a camisa de um mesmo clube;
Total de 17 títulos defendendo o São Paulo;
Obteve ao longo da carreira 585 vitórias;
 
Estes e tantos outros feitos de Rogério Ceni que os números não conseguem contemplar, já deveriam  ter lhe rendido uma estátua, um setor no estádio com o seu nome ou a certeza de que quando parasse sua camisa seria aposentada. Ontem, no dia que se tornou o jogador que mais vestiu a camisa de um clube em todos os tempos, tivemos uma grande oportunidade de fazer uma homenagem a altura de seu mais novo e grandioso feito, entretanto falhamos.
Fiquei envergonhado em ver o que a diretoria, a torcida e o time (não) fizeram para ele. Assim como sua façanha, aquela era para ser uma noite histórica e especial. Celebraríamos a existência de um mito, agradeceríamos o privilégio de tê-lo do nosso lado defendendo nossas cores e talvez até nos despediríamos dele, caso essa tenha sido sua última partida oficial disputada no Morumbi.
Nas profundezas do vestiário Rogério recebeu da diretoria apenas um troféu vagabundo que mais parecia um jarro de flores vendido em lojas de R$ 1,99 e uma camisa número 10; dentro de campo foi recepcionado de maneira fria por somente 12 mil torcedores e no final da partida após uma apresentação pouco inspirada de um time que deveria suar sangue por ele,  onde não conseguimos nada além de empatar em 1x1 contra o Botafogo, Rogério foi embora certamente incomodado sob uma deprimente queima de fogos.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A dor

A dor é grande, sinto que ainda estou em pé completamente encharcado no degrau de sempre da arquibancada azul do Morumbi. Mesmo não estando mais lá de corpo presente, a imagem daquele bando de pseudojogadores protagonizando uma das derrotas mais vexatórias da história do São Paulo não sai da minha cabeça. Continuo vivenciando cada minuto de um pesadelo que não me parece ter fim.
A dor de hoje em comparação com a sensação oriunda de outras derrotas vexatórias é muito maior, não apenas pela derrota em si ou pelo o que ela pode representar daqui uma semana, mas fundamentalmente porque ela nos remete a tudo de ruim que já passamos nesta temporada. Perder de virada para a Ponte Preta pelo placar de 3x1, trouxe à tona muitos elementos de todas as outras derrotas sofridas em casa nesse desastroso ano de 2013.
A dor que atormenta neste exato momento, acaba de vez com a ilusão de que estávamos conseguindo superar aquela que talvez seja a fase mais triste dos nossos setenta e oito anos de história. O time em campo ontem lembrou o pior daquele São Paulo sem alma e sem vergonha na cara, que se acostumou a passar boa parte do ano acumulando derrotas atrás de derrotas.
A dor de ser derrotado pelo mais ridículo dos adversários, praticamente perdendo a vaga para a final da Copa Sul-Americana para um time de segunda divisão, um time pequeno por definição, sem títulos e sem expressão é devastadora. Dói tanto que depois de acompanhar todas as eliminações são paulinas ao longo do ano no estádio, eu não sei se dessa vez terei força para ir até Mogi Mirim ver o São Paulo ser eliminado mais uma vez quando o juiz encerrar a partida.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A respeito do confronto tricolor

 
Ocupávamos uma das últimas posições na tabela no dia que comprei as passagens para o Rio de Janeiro. Como o Fluminense também fazia uma campanha ridícula, imaginava que o jogo entre os dois tricolores seria de vital importância na luta contra o rebaixamento, um confronto direto onde quem perdesse poderia começar a dar adeus para a primeira divisão. Alguns meses atrás, dada a situação periclitante dos dois times, essa era a única maneira possível de encarar esta partida.
Vendo o São Paulo rodada após rodada se afundar, percebi que não havia outra alternativa para mim a não ser ir até o Maracanã acompanhar o meu time. Na minha cabeça considerava fundamental o apoio vindo da torcida para sair de uma possível situação de risco. O tempo passou e Muricy conseguiu tirar leite de pedra e estabeleceu o São Paulo no meio da tabela, livre da ameaça do rebaixamento, enquanto que o Fluminense seguiu ladeira abaixo sob o comando de Luxemburgo.
Chegamos à trigésima quinta rodada numa posição intermediária, não corríamos risco de cair e tampouco de lutar pelas posições mais altas da tabela, assim permitimos nos dar ao luxo de colocar um time reserva para encarar o Fluminense. Confesso que essa decisão não me agradou nenhum pouco, uma vez que eu não queria facilitar as coisas para o clube que tem a obrigação moral de pagar as duas série B que eles ainda estão devendo, desde aquela repugnante virada de mesa ocorrida em 1996.
Voltar para casa com um resultado positivo não seria nada fácil, não pelo fato do time titular do Fluminense ser grande coisa, pelo contrário. A questão é que o time reserva do São Paulo praticamente inexiste, basta ver a quantidade de improvisações que Muricy foi obrigado a fazer ontem para conseguir escalar a equipe. Soma-se a tudo isso o desentrosamento de onze jogadores fracos (não por acaso a condição de reserva de cada um deles) e que nunca jogaram juntos, e teremos em campo um catado pronto para ser derrotado.
Não deu outra, mesmo abrindo o placar no momento em que o adversário dominava e controlava as ações da partida, nossa vantagem não durou mais do que duas investidas do ataque do Fluminense. Em um lance em que todo o sistema defensivo do São Paulo falhou grosseiramente sofremos o gol de empate, no final do jogo outra falha dos jogadores de defesa decretou a derrota. Após noventa minutos de bola rolando nada para comemorar, não atrapalhamos o Fluminense e constatamos que depender dos reservas para descansar os titulares tem seu preço.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Um assunto inconveniente

Um mês atrás, enquanto São Paulo e Corinthians aguardavam nos vestiários o início da segunda etapa do Majestoso, uma briga envolvendo a torcida independente e a polícia militar acontecia na antiga arquibancada laranja do Morumbi. Mesmo posicionado do outro lado do estádio, vendo bem de longe a confusão entre integrantes dessas duas instituições nojentas, eu sabia que quem sofreria as consequências de tudo aquilo seríamos nós, os que apenas assistiram o jogo.
Não vou discutir aqui quem começou a briga, qual o motivo da briga, se a punição aplicada ao São Paulo foi justa ou injusta e muito menos compará-la com as punições sofridas por outros clubes. A questão primordial aqui, aquilo que de fato importa e deve ser observado, refere-se aos constantes equívocos cometidos pela justiça, que mediante a incapacidade do Estado na aplicação das leis, acaba punindo os clubes e quem não praticou nenhuma irregularidade ao invés daqueles que brigam, matam e soltam bombas.
Sim, pois quem brigou e praticou toda aquela selvageria no dia do clássico contra o Corinthians, que acabou nos custando a perda de quatro mando de campo, permaneceu impune. Nenhuma prisão ou punição séria foi imposta à nossa torcida organizada de merda, pelo contrário, eles continuaram livres e sendo financiados pela diretoria do São Paulo, podendo ir tranquilamente até Itu exercer sua principal atividade: a venda de ingressos na porta do estádio.
Diferente dos brigões subsidiados, muitos são paulinos de verdade, que nunca machucaram ninguém e que pagam o ingresso do próprio bolso não conseguiram se deslocar até o interior para acompanhar o jogo contra o Flamengo. Por culpa de uma escória mais preocupada com o carnaval do que com o futebol, nem todos puderam ver o inteligente protesto dos jogadores contra a CBF e comemorar uma boa vitória pelo placar de 2x0, com direito ao tão aguardado gol de pênalti de Rogério.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sem surpresas

Historicamente não costumamos nos dar bem nos jogos contra o Atlético Paranaense em Curitiba. Nosso aproveitamento contra eles fora de casa, provavelmente deve ser um dos mais baixos registrados pelo São Paulo frente um adversário brasileiro fora do Morumbi. O retrospecto é tão ruim, que a última vitória do São Paulo sobre o Atlético Paranaense na condição de visitante aconteceu no longínquo ano de 1982.
Durante esses longos trinta e um anos que já dura esse tabu, diversos esquadrões são paulinos compostos de verdadeiros craques desafiaram o Atlético no sul do país, nenhum deles conseguiu voltar de lá com a vitória. Não seria portanto, um dos piores times da história do São Paulo que conseguiria fazer algo diferente do habitual e surpreender a todos com uma vitória. Sim, vencer estava fora de cogitação, principalmente dependendo dos onze que vestiam nossa camisa.
Não vimos a cor da bola no simpático Durival de Britto, fomos dominados e envolvidos de tal forma que o placar de 3x0 contra ficou até barato. Conforme já havia acontecido semana passada na partida contra o Atlético Nacional, quando não jogamos bem mas acabamos sendo salvos pela ruindade do plantel colombiano, domingo novamente o São Paulo não se fez notar dentro de campo, porém dessa vez não passamos impunes, um adversário qualificado estava do outro lado.
A verdade é que no fundo este time do São Paulo é uma lástima. Por mais que a torcida e Muricy tenham o tirado do buraco no Campeonato Brasileiro e o colocado muito próximo da final na Copa Sul-Americana, muita coisa ainda está fora do eixo. Quando nos deparamos pela frente com um oponente bem montado e que sabe jogar bola como este atual time do Atlético Paranaense, é que temos a exata noção do que realmente é este time do São Paulo.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Avançando

Chegamos em Medellín com uma vantagem que mal dava para ser chamada de mínima, pois os dois gols sofridos na vitória por 3x2 no primeiro jogo do confronto semana passada no Morumbi, permitia à equipe colombiana garantir sua classificação de maneira direta, sem a necessidade da cobrança de pênaltis com um simples 1x0. Mesmo quase sem nenhuma margem para o erro, já que um gol provavelmente nos custaria a classificação, era difícil imaginar o São Paulo voltando para casa eliminado.
Mediante o que foi visto no jogo de ida, ocasião está que o São Paulo só não sacramentou sua vaga na semifinal porque decidimos presentear o adversário com dois gols, deixando-o ainda vivo na disputa, ficou claro o quanto o futebol deste time do Atlético Nacional era limitado. Por mais que eles liderem com larga vantagem o Campeonato Colombiano, e que o São Paulo passe por um dos momentos mais conturbados da sua história, no fundo eles não pareciam ser páreo para nós.
Ontem mais uma vez pudemos constatar toda a incompetência dos jogadores do Atlético Nacional. Apesar do São Paulo ter entrado em campo apenas para se defender, não criando e articulando praticamente nenhuma jogada, resolvendo tudo na base do chutão, o ritmo e a dinâmica de jogo imposta pelos colombianos ao longo dos noventa minutos não foram das mais intensas. Quase não fomos pressionados e tampouco corremos riscos concretos de sofrer algum gol, o domínio e o controle do jogo era todo do time local, porém o mesmo era totalmente inócuo.
Seguramos o 0x0 suando muito menos que o de costume, principalmente quando o cenário desenhado é o de decidir a vaga jogando a segunda partida fora de casa tendo a vantagem de apenas um gol. Avançamos não jogando nada, porém quem estava do outro ajudou bastante ao não jogar quase nada em nenhuma das duas partidas. Aguardamos agora um adversário incerto para o confronto de semifinal, dado que até o momento ninguém conseguiu decifrar o que o regulamento da Conmebol diz a respeito dos próximos confrontos e chaveamentos.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A questão dos ingressos

Sábado antes do jogo contra a Portuguesa, conversava com uns amigos a respeito dos preços dos ingressos. Lembramos da época em que começamos a frequentar estádios, quando ainda éramos crianças e não tínhamos que nos preocupar em comprar ingressos, pois ou entrávamos de graça ou nossos pais bancavam tudo; de quando o futebol era um programa mais barato que o cinema e do tempo que um ingresso de arquibancada estava longe de representar os atuais 6% de um salário mínimo.
A conversa surgiu quando tentávamos adivinhar qual seria o público da partida contra os lusitanos. Estimávamos um público grande, dado que a promoção de ingressos que o São Paulo implantou a partir do momento que os dirigentes perceberam que teríamos muito mais chances de escapar do rebaixamento com o estádio repleto de são paulinos, do que com os dez/quinze mil torcedores de sempre, proporcionou para muita gente a grande chance de acompanhar o São Paulo no estádio.
Sabemos que não é apenas o preço dos ingressos que afasta o torcedor do estádio. Horários indecentes, transporte público deficitário e a característica desorganização do futebol brasileiro contribuem de maneira decisiva para que muitos torcedores optem por permanecer em casa. Entretanto, podemos encontrar no nojento processo de elitização do futebol no Brasil, amparado fundamentalmente na majoração (muito acima da inflação) dos preços dos ingressos, a principal causa pelo esvaziamento dos estádios.
Não sei exatamente qual a porcentagem que o lucro com a bilheteria representa nas finanças do São Paulo, contudo desconfio que ela não seja tão alta e significativa assim a ponto de tornar inviável a fixação de um preço de ingresso mais acessível e justo ao longo de todo o ano para o torcedor. Mais torcedor no estádio significa mais consumo com bebidas, alimentos e produtos oficiais; consequentemente mais receita para o clube.
Para além das questões econômicas, devemos lembrar que uma torcida de futebol é muito mais do que as cifras que ela pode gerar para o clube. Comparecer em massa e criar uma atmosfera favorável como aconteceu sábado na importante vitória sobre a Portuguesa no Morumbi, onde tivemos um ótimo e vibrante público de cinquenta mil pagantes, é tão importante quanto os mais de quinhentos mil reais de renda da partida.