Sempre temi que a campanha de
recuperação que fizemos no Campeonato Brasileiro a partir da chegada de Muricy,
que acabou nos livrando do temido rebaixamento, encobrisse muita coisa errada
que acontecia no São Paulo. Sabia que a sequência de resultados positivos que
nos tirou do fundo da tabela e nos colocou no meio dela, poderia fazer com que
a torcida não conseguisse dimensionar a realidade de merda na
qual continuávamos inseridos, passando a tratar vagabundos como heróis.
O receio era o mesmo em
relação à Copa Sul-Americana. Conforme íamos aos trancos e barrancos avançando
de fase, dependendo de uma atuação monstruosa do Rogério nas oitavas de final
para reverter o resultado e tendo a sorte de enfrentar um adversário que não
chutava a gol nas quartas de final, sabia que a longo prazo o título sul-americano
faria mais mal do que bem. Com a taça na mão, poucos continuariam questionando a
capacidade de jogadores e dirigentes.
Não estava torcendo contra,
muito pelo contrário. Na cabeça de alguém que este ano já foi em cinquenta e
oito jogos do São Paulo (número esse que poderia ser maior caso a tabela e o
meu direito de ir e vir fossem respeitados) essa é uma hipótese inviável,
totalmente fora de cogitação. A questão é que a combinação permanência na
primeira divisão mais título era perigosa demais, seria se iludir com uma
mentira, acreditar que apesar de tudo time e diretoria tinham seu valor.
Empatar com a Ponte Preta e
acumular mais uma eliminação no ano serviu para mostrar nossa realidade, aquilo
que de fato somos hoje. Com as feridas expostas e sem um título para
maquiá-las, a expectativa é que os responsáveis por colocar o São Paulo nessa
situação lamentável comecem a encarar nossos problemas de frente, não mais os
empurrando com a barriga. Caso a indiferença tanto dentro quanto fora de campo
permaneça, 2014 será mais um ano onde o “grande feito” na temporada terá sido
escapar do rebaixamento.