segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Morumbi E Eu


Me tornei são paulino no longíquo ano de 1985, lembro que naquela época eu já gostava de futebol, porém ainda não torcia para nenhum time. Meu pai, que dava pouquíssima importância para o futebol, nunca fez questão de compartilhar comigo a pequena simpatia que ele nutria por seu time, deste modo, ele nunca tentou me transformar em um torcedor do mesmo time que o dele, no caso, o Palmeiras. Hoje eu tenho que agradecer meu pai por isso, mesmo ele tendo sido tão negligente, ao não cumprir aquele que é um dos maiores deveres de um pai para com seu filho: ensinar o rebento a torcer para um time de futebol.
Minha escolha pelo São Paulo portanto, foi algo completamente espontâneo, sem a intervenção de ninguém. Lembro que ao assistir pela televisão, os melhores momentos de um São Paulo 4 x Palmeiras 4, válido pelo Campeonato Brasileiro de 1985, por algum motivo que só meu coração pode responder, acabei me apaixonando por aquela camisa branca com as listras vermelha e preta na horizontal. Daquele dia em diante, nunca mais pude acompanhar uma partida do São Paulo de maneira impassível, o que eu começava a sentir por aquele time não permitia mais tamanho distanciamento.
O amor pelo tricolor a cada dia que passava só aumentava, nunca em toda minha pequena vida até então, eu havia me interessado por algo com tanta intensidade e paixão. Não demorou muito, e logo fui ganhando minha primeira camisa e meu primeiro shorts do São Paulo, contudo o que eu mais queria, demorou mais dois anos para ser realizado; assistir a um jogo no estádio do Morumbi.
No dia 23 de Agosto de 1987, meu pai finalmente cedeu aos meus pedidos, e me levou ao Morumbi, justamente em uma partida contra o seu Palmeiras, era o segundo jogo válido pela semifinal do Campeonato Paulista daquele mesmo ano. Me lembro até hoje que naquele dia, um domingo ensolarado, minha mãe fez o almoço mais cedo para saírmos de casa com tempo suficiente para chegarmos no estádio. Já nas proximidades do campo, a recordação que guardo, diz respeito ao tamanho da multidão que tomava conta das ruas, não me lembrava de alguma outra vez em minha vida, ter visto tanta gente junta encaminhando-se para um mesmo lugar.
Já dentro do estádio, o que mais me impressionou foi o tamanho do campo, e toda a atmosfera criada pelas torcidas; as cantorias, as bandeiras, as faixas, as fumaças coloridas, os papéis picado, as cornetas e os batuques. Sobre o jogo em si não me recordo de muita coisa, apenas que ganhamos de 3x1 e que meu pai não ficou nenhum pouco triste que o time dele tinha perdido, pelo contrário.
Não tenho dúvidas que participar de tudo aquilo, foi fundamental para solidificar de vez todo aquele amor que eu começava a sentir pelo futebol e pelo São Paulo. Hoje, vinte três anos depois da minha primeira visita ao Morumbi, que sábado completou cinquenta anos de vida, posso afirmar que mesmo não encontrando mais muitos daqueles elementos que encantaram um garoto de sete anos, e depois de algumas outras centenas de visitas, onde aprendi a vivenciar o futebol na sua plenitude, saboreando a felicidade e a euforia da vitória, e amargurando a tristeza e a pertubação da derrota, são nos degraus de cimento das arquibancadas do Cícero Pompeu de Toledo, onde ainda muitos dos meus sonhos se tornam realidade.

2 comentários:

  1. Toniato,
    Que belo relato.
    Parabéns !
    ***(*) ******(*)

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  2. Precisava escrever algo sobre os 50 anos do Morumbi, acabou saindo isso ai, bacana ter gostado.
    Abraço

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