Final de semana prolongado, segunda rodada
do campeonato estadual, time reserva em campo, adversário risível e tempo
chuvoso. Usarei as palavras de Nick Hornby presentes em seu excelente livro
Febre de Bola, para tentar entender o que motivou eu e os outros 6965
torcedores a estarmos presentes sábado a tarde no Morumbi.
Página 17: "... o que
diferencia aqueles que se satisfazem com meia dúzia de jogos por ano-
assistindo às grandes partidas e se afastando das peladas, numa postura
certamente sensata- daqueles que se sentem obrigados a comparecer a todos? Para
que viajar de Londres a Plymouth numa quarta-feira, sacrificando um feriado
precioso, para ver um jogo cujo resultado já foi efetivamente decidido na
primeira partida em Highbury? E se esta teoria do ato de torcer estiver perto
da verdade, que inferno estará enterrado no subconsciente das pessoas que vão
aos jogos da Taça Leyland DAF ?."
Página 135: " Vou ao futebol por um monte
de razões, mas não para me divertir, e quando olho em torno num sábado e vejo
aqueles rostos tristes e apavorados, vejo que outros sentem a mesma coisa."
Página 163: " Eu pertencia à outra
categoria: aqueles que estavam lá porque sempre estavam lá."
Página 191: " Meus amigos que não curtem
futebol e meus familiares nunca conheceram alguém mais louco do que eu; na
realidade, estão convencidos de que sou tão
obcecado quanto é possível ser. Mas sei que existem pessoas que considerariam o
nível do meu comprometimento- todos os jogos em casa, um punhado de jogos de
fora, e um ou dois jogos dos reservas e dos juvenis por temporada -
insuficiente."
Página 214: " O que imagino que
aconteceria comigo se eu não fosse a Highbury certa noite e perdesse um jogo
que talvez fosse crucial no resultado final da disputa do campeonato, mas que
dificilmente prometeria um espetáculo imperdível? A resposta, acho eu, é esta:
tenho medo de no jogo seguinte, o que vier depois do que eu perder, não
conseguir entender alguma coisa que esteja acontecendo, como um refrão qualquer
ou a antipatia do público para com um dos jogadores; pois assim o lugar que eu
mais conheço no mundo, o único local fora da minha própria casa onde sinto que
me encaixo absoluta e inquestionavelmente, terá se tornado alienígena para
mim."
Página 197: " O futebol significa coisa
demais para mim, veio a representar coisas demais, e sinto que já assisti a
jogos demais, gastei dinheiro demais, fiquei preocupado com o Arsenal quando
devia estar me preocupando com outras coisas e abusei da indulgência de amigos
e familiares. Ainda assim, há ocasiões em que ir assistir a uma partida é
a ocupação mais válida e prazerosa que consigo imaginar."
Não há como não se identificar com essas passagens.
ResponderExcluirApesar de ter ido bem menos jogos que muito são-paulino por aí, hehe
Rafael,
ResponderExcluirFebre de Bola fica melhor a cada releitura.
Abraço