terça-feira, 20 de agosto de 2013

Dois pontos a menos na bagagem

 
Brasília era uma das poucas capitais brasileiras com times que já participaram do Campeonato Brasileiro da primeira divisão neste atual sistema de disputa, que eu ainda não havia visto o São Paulo jogar. Como os times mais tradicionais de lá estão muito longe de algum dia voltar para a primeira divisão, eu achava que tão cedo não teria a oportunidade de acompanhar um jogo na capital federal.
Havia me esquecido de que as vésperas de uma Copa do Mundo, vivemos hoje o auge do futebol moderno no Brasil. Tempo este em que as coisas relacionadas ao futebol ou mudaram ou perderam muito do seu sentido, tanto que um São Paulo e Flamengo que deveria ser disputado no já pronto (e desfigurado) novo Maracanã, foi transferido para Brasília sem que isso fosse questionado ou causasse um estranhamento nas pessoas, sendo aceito de forma natural.
Uma típica bizarrice deste novo mundo do futebol, mas da qual eu consegui tirar algum proveito, conhecendo uma nova cidade e um novo estádio ao mesmo tempo. Sobre a cidade o que eu tenho a dizer é que para quem não está acostumado, se locomover por ruas que não são identificadas pelo nome de alguém ou algo, mas por uma composição de letras e números que lembram uma placa de carro é uma tarefa complicada.
O estádio Mané Garrincha por exemplo, está localizado no que eles chamam de asa norte na estrada SRPN 00. Consegui chegar até lá porque era possível enxergar o estádio de longe, do contrário eu teria enfrentado sérios problemas para chegar no jogo antes do apito inicial. Até o GPS se perdia no meio de todas aquelas ruas "sem nome". Finalmente no destino, chegava o momento de conhecer um futuro elefante branco padrão Fifa.
Encontrei em Brasília um estádio que segue rigorosamente os preceitos do futebol moderno: ingressos caros, inexistência de arquibancadas, espaços multiuso, telões entretendo as pessoas e outras baboseiras do tipo. E um público condizente com esta nova ordem futebolística: um consumidor alienado que não dá a devida atenção ao que acontece dentro de campo, encarando o futebol como espetáculo e diversão.
Essa combinação criou uma atmosfera esquisita, bem diferente da esperada para um embate envolvendo times com tamanha rivalidade. O fato da partida não ter acontecido em São Paulo ou no Rio de Janeiro também contribuiu para o estabelecimento de um clima festivo. Poucos eram os torcedores paulistas e cariocas que viajaram para Brasília a fim de acompanhar seus times, isso era nítido pelo comportamento das pessoas e pela quantidade de camisas de outras agremiações avistadas no estádio, transformando todos os setores em áreas mistas, igualzinho em uma Copa do Mundo.
Com a bola rolando vi um verdadeiro confronto de cegos. Embora o jogo tenha sido movimentado, as chances criadas ao longo dos noventa minutos estiveram muito mais relacionadas com as falhas do sistema defensivo dos dois times, do que com o poder de criação dos mesmos. Além de defenderem mal e criarem pouco, ninguém ali era capaz de finalizar uma jogada decentemente. Infelizmente atingimos o ápice da incompetência nos chutes a gol, quando nosso camisa dez desperdiçou uma cobrança de pênalti aos quarenta e dois minutos do segundo tempo.
Não gostei nenhum pouco do 0x0 no placar, nossa crítica situação no campeonato me faz interpretar este resultado como a perda de dois pontos e não a conquista de um. A vitória mais uma vez não veio, e essa uma dúzia de jogos seguidos sem conseguir somar os três pontos em disputa pesa muito, não apenas pelos pontos que deixamos pelo caminho, mas por tudo aquilo que um simples 1x0 poderia significar e representar para o time e para a torcida.
 
 


3 comentários:

  1. A gente sabe que um time vai cair quando o mesmo joga bem e perde.
    É inegável e perceptível que o futebol do SPFC evolui do completo limbo para o atual nível de mediocridade. Mas nos jogos contra os times mais "derrotáveis" o tricolor tem falhado nos momentos cabais, vc percebe que no elenco só tem jogador de psicológico fraco, os caras não conseguem marcar gol nem de penalti. Falta jogador homem e cabeça feita, hoje em dia temos um bando de filhasdaputa preocupados com bonezinho e fone de ouvido.
    E quando o Paulo Miranda vira a salvação da zaga a gente sabe que vaca foi pro brejo.
    Genial a sua descrição do efeito do estádio sobre nós torcedores, hoje com essa fase assim tenho mto mais vontade de ir ao estádio. (apesar de não ir há tempos pois estou longe pra caralho).
    Viu que o Kalil Abdalla se demitiu do cargo e assumiu ser o candidato da oposição com apoio do MAC?
    Torcer pra ano que vem mudar alguma coisa e varrer essa imundície atual.
    Abs.

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  2. Luis,

    Tá feia a coisa, não conseguimos somar quase nenhum ponto, as rodadas passam e não saímos do lugar. Se continuarmos nesse ritmo e chegar um momento do campeonato em que precisaremos de 8 vitórias faltando uns 11, 12 jogos... esquece.
    Como vc disse além dos caras serem ruins eles não tem estrutura psicológica para aguentar o tranco.
    A respeito do Kalil eu achei ótimo, a oposição é sempre bem vinda no mundo da política.
    Abraço

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  3. Esse campeonato já era pra gente, texto ótimo.
    Abraço

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