sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pensamentos

“A coisa está lá dentro o tempo todo, procurando um jeito de sair.”
“ No que você está pensando? – pergunta ela. A essa altura eu minto. Não estava pensando nem um pouco em Martin Amis, em Gérard Depardieu ou no Partido Trabalhista. Mas é que nós, obsessivos, não temos escolha...” Nick Hornby - Febre de Bola, pp. 09 e 10.

Eu realmente procuro pensar e preencher minha mente com outras coisas que não o futebol, contudo eu não consigo. Passo o dia tentando me ocupar com os afazeres do trabalho, com questões relativas à família e com outras responsabilidades do cotidiano, porém o esforço é completamente em vão. A única imagem possível na minha mente, aquela que a todo instante vem me atormentar é a do São Paulo saindo de campo novamente sem a vitória.
Tento também me enganar e me convencer de que o time conseguirá superar esse terrível momento e escapar do rebaixamento, e que caso a gente realmente caia, a segunda divisão talvez nem seja tão ruim assim. Ridiculamente fracasso mais uma vez, entro em pânico tão logo um novo resultado negativo surge, e a possibilidade de um futuro confronto contra o Boa Esporte Clube numa terça-feira a noite comece a se concretizar e a povoar meus pensamentos.
Por mais paradoxal e estranho que possa parecer, o único momento do dia em que esqueço e não enlouqueço pensando em classificação, número de pontos e série B é justamente quando estou na arquibancada. Isso não significa algum tipo de autocontrole da minha parte, pelo contrário, durante o jogo a tensão é tão grande e toma conta de mim de tal forma que não consigo pensar em rigorosamente nada.
Confesso que isso me faz sentir bem, durante os noventa minutos que minha cabeça se transforma em algo vazio eu me sinto imunizado. O mais louco e doentio nisso tudo é que quanto mais o São Paulo afunda, quanto pior é a nossa fase, maior é o alívio que eu sinto de estar no estádio. Talvez seja este um dos motivos da minha presença na maior quantidade possível de jogos, porque o estádio me serve como uma espécie de refúgio de mim mesmo e de meus pensamentos.

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