sábado, 28 de setembro de 2013

Entrando e saindo

Diferente do ocorrido ano passado, quando avançamos até a fase final e nos sagramos campeões do torneio, nossa participação na Copa Sul-Americana esse ano ao que parece será bem curta, quase uma ponta. Aquilo que presenciei quinta-feira a noite em um gelado e vazio Morumbi, não me permite acreditar e pensar em outra coisa senão numa precoce eliminação daqui a quatro semanas em Santiago na partida de volta contra a Universidad Católica.
Mal entramos e a sensação é que já estamos de saída da Copa Sul-Americana. Sei que hoje é difícil criar qualquer tipo de expectativa em relação ao futebol do São Paulo, eu mesmo não estava nada otimista em relação as nossas chances de manter o título. Contudo, mesmo com todos os poréns, é bem difícil escrever um texto em tom de despedida.
A incapacidade técnica da maioria dos jogadores são paulinos, mais o deficiente preparo físico do elenco (segundo as palavras de Muricy) configura-se como uma combinação desastrosa, que compromete e afeta demais o nosso desempenho. Entretanto, o fator determinante, aquilo que praticamente colocou tudo a perder foi a falta de disposição de quem estava em campo vestindo nossas cores.
Creio que a eliminação é iminente, infelizmente não é possível interpretar e projetar os acontecimentos diante do adversário chileno de outra maneira. O problema maior não é o placar em si, uma vez que ele pode ser revertido no Chile com um simples 1x0, a questão é a postura e o desinteresse dos nossos jogadores com a Sul-Americana. Tenho sérias dúvidas se eles estão dispostos a lutar por algo além da permanência na primeira divisão.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Inesquecível


O Serra Dourada é um estádio maldito, um lugar que só me traz más recordações. Uma das derrotas mais doídas que já presenciei em um estádio aconteceu ali. 2009, penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, se ganhássemos do Goiás no Serra Dourada uma simples vitória na última rodada contra o Sport no Morumbi nos garantiria um histórico tetra-hepta campeonato nacional. Perdemos o jogo de virada pelo placar de 4x1, e o Flamengo derrotou os gambás em Campinas em um jogo esquisitíssimo, assumindo a liderança da competição e sagrando-se campeão uma semana depois.
Quatro anos se passaram, contudo até hoje a lembrança de cada um daqueles quatro gols que tomamos e nos tiraram o título me perturba. Relendo o texto que escrevi um dia depois do jogo, onde ainda atordoado por todas as perdas falo sobre a impossibilidade de algum dia conseguir apagar da memória todos aqueles acontecimentos, vejo que minha suspeita se confirmou. Nunca consegui esquecer e superar aquela partida, duvido que algum dia eu consiga.
Depois daquele dia só fui voltar no Serra Dourada domingo passado. Novamente a experiência vivida por lá não foi nenhum pouco agradável: calor insuportável, desorganização total, briga entre as torcidas dentro e fora do estádio, muito azar, um gol inacreditável e uma derrota cruel no último minuto. Praticamente não deu nada certo, e assim como se sucedeu em 2009, tenho certeza que será impossível esquecer tudo o que eu vivenciei no Serra Dourada dois dias atrás.
Tudo começou com a superlotação do setor reservado para a nossa torcida. Era nítido que tinham vendido mais ingressos do que o local comportava, estávamos todos amontoados, não dava nem para se mexer. Como a torcida do Goiás não ocupou totalmente a arquibancada, a PM cedeu uma parte do espaço deles para a gente, foi aí que a briga começou. Acredito que os goianos se sentiram ofendidos e humilhados por perder território, então eles decidiram recuperá-lo na base da força.
Durante todo o primeiro tempo bombas de efeito moral e pedras foram atiradas na direção das duas torcidas. A situação era tão tensa que até o Rogério Ceni foi na direção da nossa torcida organizada pedir calma, felizmente não vi nenhum torcedor ferido. A briga que a polícia conseguiu evitar dentro de estádio se materializou do lado de fora, dessa vez como a luta foi corpo a corpo vi bastante gente machucada. Por sorte o filho da puta que tentou me acertar com um pedaço de tijolo tinha uma mira ruim e pude sair de lá são e salvo.
Nos momentos em que foi possível acompanhar o jogo sem ter que se preocupar em ser atingido por algum objeto, eu vi um jogo parelho e bem disputado, com os dois times criando e perdendo chances praticamente na mesma proporção. Caminhávamos para um empate sem gols, o que não seria um resultado ruim, porém uma cobrança de falta no final do jogo fez a bola explodir na trave e caprichosamente bater nas costas do Rogério indo parar no fundo da rede.
Foi uma derrota que doeu quase tanto quanto uma possível tijolada na cabeça. Deixar de somar pontos quando se está perigosamente próximo da zona de rebaixamento, é como colocar uma corda no pescoço e pedir para que um dos times que estão logo atrás a puxem. As vitórias nas rodadas anteriores deram uma afrouxada na corda, contudo ela nunca deixou de sair do nosso pescoço, ter consciência disso será fundamental para não nos enforcarmos nela no final do campeonato.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Efeito Muricy

Desde o retorno de Muricy à casamata tricolor são três vitórias em três jogos, quatro gols marcados e nenhum gol sofrido e um avanço de cinco posições na classificação que nos tirou da zona de rebaixamento e nos colocou na parte intermediária da tabela. A campanha de recuperação impressiona e nos faz respirar um pouco mais aliviado, porém até que o fantasma do rebaixamento (que continua à espreita) seja completamente afastado do Morumbi, teremos que percorrer um longo caminho.
Hoje a distância do São Paulo, décimo quarto colocado, para o décimo sétimo colocado, primeiro time na zona de rebaixamento, é de apenas três pontos. A proximidade do inferno ainda é grande, uma simples vitória daqueles que vem atrás de nós combinado com um resultado negativo do São Paulo, fatalmente nos colocará novamente entre os quatro últimos colocados. Embora tenhamos voltado a comemorar vitórias, nossa realidade ainda é a luta pela permanência na primeira divisão.
Semanas atrás quando eu ficava pensando se sobreviveríamos ou não, o pessimismo tomava conta de mim. O estado de letargia do São Paulo era absoluto, não havia rigorosamente nada em que eu pudesse me apegar para acreditar que seria possível sair do buraco que estávamos enterrados. Parei de projetar futuros confrontos contra o Boa Esporte, o Asa, o Paysandu e outras agremiações que estarão na segunda divisão ano que vem quando o Morumbi quase veio abaixo com a vitória na reestreia de Muricy.
Foi após a vitória contra a Ponte Preta que eu passei a sentir que dentro de campo as coisas realmente poderiam mudar para melhor. Muricy foi fundamental nisso, sua presença no banco não fez com que o São Paulo passasse a jogar o fino de bola, contudo ela foi determinante para que nossos jogadores entrassem em campo com uma postura diferente. Com Muricy do nosso lado, time e torcida estavam determinados a tirar o São Paulo daquela situação de merda que ele se encontrava.
As vitórias contra Ponte, Vasco e Atlético Mineiro foram assim, amparadas acima de tudo na vontade, na garra e na entrega daqueles que vestiam nossas cores dentro de campo e no apoio geral e irrestrito vindo da torcida nas arquibancadas. Sem Muricy, servindo como uma espécie de amálgama em todo esse processo nada disso seria possível, sem ele também a palavra rebaixamento estaria ecoando com uma intensidade ainda maior pelos lados do Morumbi.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Escolha

A viagem foi longa e muito mais cansativa do que eu imaginava que poderia ser, o tempo é escasso e a confusão de ideias devido a empolgação com a grandiosa vitória me impedem de escrever um texto decente sobre o jogo contra o Vasco.
Deixo então vocês com um trecho magnífico do livro Febre de Bola, que expressa com perfeição minha sensação ao caminhar pelas ruas que cercam São Januário ontem após a partida que nos tirou da zona de rebaixamento.

" O futebol significa coisa demais para mim, veio a representar coisas demais, e sinto que já assisti a jogos demais, gastei dinheiro demais, fiquei preocupado com o Arsenal quando devia estar me preocupando com outras coisas e abusei da indulgência de amigos e familiares. Ainda assim, há ocasiões em que ir assistir a uma partida é a ocupação mais válida e prazerosa que consigo imaginar." Nick Hornby. Febre de Bola, p.197

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A cartada final

Em 2009 quando diretoria e técnico chegaram num acordo e decidiram que o melhor a fazer era cada um seguir o seu caminho, eu considerei aquela uma decisão benéfica tanto para o São Paulo quanto para Muricy. Mesmo com a conquista do inédito e histórico tri campeonato brasileiro, as seguidas eliminações na Libertadores, a indisposição com alguns jogadores e diretores e o péssimo futebol apresentado deixou o clima pesado, tornando insustentável a permanência de Muricy.
Durante o período de separação, onde cada um seguiu uma trajetória diferente, enquanto Muricy continuou sua carreira de sucesso e respeito conquistando títulos importantes no comando de outras equipes, o São Paulo tanto dentro quanto fora de campo perdeu totalmente o rumo. De junho de 2009 até setembro de 2013 o São Paulo teve SETE técnicos diferentes, nenhum deles conseguiu desenvolver um trabalho sólido e de confiança, muito por culpa do próprio São Paulo.
Passados quatro anos desde a sua saída, Muricy volta ao São Paulo com a incumbência de evitar que nossa incólume história seja manchada com uma vergonhosa e humilhante queda para a segunda divisão. Muricy é a cartada final de Juvenal Juvêncio na tentativa de pôr fim à uma crise sem precedentes na nossa história, criada ao longo dos últimos anos pelo próprio mandatário são paulino, que ao concentrar o poder exclusivamente em suas mãos perdeu completamente a noção da realidade.
A tarefa de Muricy não é nada fácil; o time é fraco, os dirigentes não ajudam, o tempo é curto e quase não há margem para erro. O cenário hoje é completamente diferente daquele quando Muricy partiu, se em 2009 sem ninguém perceber o São Paulo começou a entrar numa crise, foi  agora em 2013 que ela atingiu seu ápice. O lema do nosso novo comandante: “Aqui é trabalho”, terá que ser levado às últimas consequências, do contrário dificilmente permaneceremos na primeira divisão ano que vem.
Sim, a luta do São Paulo de Muricy pela sobrevivência será dura e exaustiva, exigindo do time e da torcida um comprometimento total. O primeira ato desse novo capítulo da nossa história me fez voltar a acreditar que é possível terminar o ano longe das quatro últimas posições. Não, Muricy não fez o time jogar um futebol empolgante capaz de arrasar com a adversário, pelo contrário, a vitória contra a Ponte veio pelo placar mínimo, no melhor estilo "muricyano".
O que acontece é que ontem mesmo com todo o sofrimento que passamos para manter o magro 1x0 até o final da partida, garantindo três pontos imprescindíveis, a sensação que ficou foi a do resgate de uma identidade há muito tempo perdida. Com a presença de Muricy no banco, que depois de algumas andanças enfim entendeu onde é seu devido lugar, eu senti que estávamos protegidos novamente e que existia algo em que poderíamos nos apegar.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Um turno depois...

Encerrado o primeiro turno do Campeonato Brasileiro, tivemos a confirmação oficial daquilo que estava previsto acontecer desde quinta-feira quando o árbitro finalizou a partida entre São Paulo e Criciúma no Morumbi, decretando nossa derrota para a equipe catarinense. Sim, sabíamos que a vitória contra o Coritiba no Couto Pereira dificilmente viria, assim como começaríamos a disputa da segunda metade do campeonato afundado na zona de rebaixamento.
Esse jogo contra o Coritiba é a síntese perfeita de como foi o desempenho e a participação do São Paulo até o momento no campeonato. Um time fraco, desorganizado e sem alma, que pratica um futebol ordinário e ineficiente ao extremo, não representando nenhum tipo de ameaça para o adversário do outro lado do campo, tornando-se uma presa fácil para o mesmo que passa por cima de nós fazendo um, dois gols de forma natural, sem muito esforço.
A bagunça generalizada que hoje assola o São Paulo fora das quatro linhas, criada por uma diretoria repleta de “profissionais” incompetentes e mal intencionados, guiados por interesses próprios em detrimento do bem do São Paulo é reproduzida jogo após jogo dentro de campo, logo não me parece que conseguiremos escapar da degola. Ao que tudo indica, as dezenove rodadas que restam para o fim do campeonato servirão apenas para velar o corpo do São Paulo.
Procuro pensar de outra maneira, não deixando o pessimismo tomar conta de mim. Me apego no tamanho da nossa história e no peso da nossa camisa na tentativa de me convencer de que é possível superar esse terrível momento e de que não estamos fadados à segunda divisão, contudo, nem assim é possível espantar os maus pensamentos. Na verdade quando penso no que os dirigentes fizeram com a nossa história (o imoral terceiro mandato), e o que os jogadores fazem com a nossa camisa (a desonra contínua) a preocupação e o temor aumenta ainda mais.
O momento é completamente desfavorável e desolador, mas para nós torcedores não há escolha. Independente de quais são nossas opiniões, impressões e pensamentos só nos resta ir até o estádio e torcer "... Semana após semana, ano após ano, aparecíamos sabendo perfeitamente que o que presenciaríamos nos deprimiria profundamente." Nick Hornby, na página 132 do clássico Febre de Bola, deixa bem claro o que realmente importa. Agora é com a consciência de cada um.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Perdão, Leônidas.

Na semana que completaria 100 anos de vida, Leônidas da Silva, possivelmente o maior jogador da nossa história, foi homenageado pelo São Paulo com a equipe usando no jogo contra o Criciúma um uniforme retrô baseado nos tempos em que o Diamante Negro defendia nossas cores. A homenagem era mais do que justa e merecida, Leônidas foi o principal responsável pela moeda ter caído em pé, mudando a história do São Paulo e colocando-o como um dos grandes do futebol com a conquista de 5 títulos estaduais na década de 40.
Da celebração da memória de um ídolo centenário à fuga das últimas posições na tabela. Uma vitória ontem no Morumbi na véspera do aniversário de Leônidas e contra um adversário direto na luta contra o rebaixamento, além de obrigatória teria um significado todo especial. Infelizmente poucos jogadores ali eram dignos de vestir a camisa que um dia Leônidas tanto honrou, e capazes de dimensionar a situação desesperadora que nos encontramos, portanto é sintomático o fato da vitória não ter vindo.
Tudo o que conseguimos no começo da semana quando derrotamos o Náutico foi por água abaixo. Os três pontos que buscamos fora de casa e que nos colocou bem próximos da saída do inferno, de imediato foram perdidos no Morumbi, deixando nossa situação bem complicada novamente. Agora somos obrigados a recuperar esses pontos perdidos na próxima rodada, contudo é improvável que isso aconteça, visto que teremos pela frente um adversário bem mais qualificado do que aquelas que flertam com a segunda divisão.
Não há outra maneira de interpretar e descrever essa derrota em casa para o Criciúma pelo placar de 2x1 a não ser como traumática, daquelas que podem facilmente fazer o São Paulo perder completamente o rumo mais uma vez, talvez não reencontrando-o mais nesse campeonato. O golpe foi duro, as consequências e as sequelas da prática de um futebolzinho de dar medo e de um novo pênalti desperdiçado talvez não sejam tratadas a tempo.
Vendo da arquibancada o camisa 9 se escondendo do jogo, o camisa 13 conseguindo errar cobrança de lateral, o camisa 5 perdido dentro de campo, o camisa 2 só reclamando e fazendo merda e o resto do time pouco produzindo, a imagem do Leônidas não saia da minha cabeça. Eu só conseguia pensar em uma maneira de pedir perdão para ele (e para sua viúva, Dona Albertina, que o representou nas homenagens) por tamanha vergonha num dia tão especial, e por tudo o que aqueles incapazes estavam fazendo com um time que Leônidas transformou a sua semelhança, num gigante do futebol.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Fundamental

Sair das profundezas da tabela só seria possível mediante a conquista da vitória e dos três pontos, não somar pontos ou somar apenas um mísero ponto por partida certamente não nos tiraria das últimas posições. Enfrentar o Náutico, único time do campeonato com campanha pior que a nossa, era a grande chance que tínhamos para iniciar a nossa fuga da zona de rebaixamento e começar a respirar um pouco mais aliviado.
A vitória ontem era fundamental e pouco importava a maneira como ela viria. Se no começo ou no final da partida, se de goleada ou pelo placar mínimo, se jogando bem ou jogando mal, se dando espetáculo ou aos trancos e barrancos, se com um gol por acaso ou com um golaço e se com onze ou menos jogadores em campo. Dane-se o modo como o São Paulo venceria seu adversário, o importante era sair da Arena Pernambuco com dezoito pontos na tabela.
O primeiro tempo em especial foi de doer, digno de duas equipes que ocupavam a última e a penúltima posição no campeonato. A falta de categoria vista dos dois lados do campo era tamanha, que parecia improvável demais alguém conseguir tirar o zero do placar. Seria necessário algo a mais para um dos times sair com a vitória, do contrário os quarenta e cinco minutos finais também passariam em branco.
A história do jogo começou a mudar quando o peso da nossa camisa e a entrega de alguns dos nossos jogadores se fez sentir, nos empurrando para frente e fazendo com que conseguíssemos superar um gol erroneamente anulado e a inferioridade numérica em campo. A combinação erro crucial de arbitragem mais jogador expulso poderia ter sido fatal para nós, contudo seguramos bem o baque e conseguimos buscar uma vitória fundamental.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Impressões sobre domingo


A maior preocupação do torcedor que decide viajar para assistir um jogo de futebol na condição de visitante, sempre será a aquisição do ingresso. Quando no meio da semana passada o Botafogo iniciou a comercialização de entradas para o jogo de domingo contra o São Paulo, eu de imediato garanti meu lugar no novo Maracanã. Fiquei inconformado ao saber que mesmo comprando o ingresso via internet, seria necessário retirá-lo na bilheteria do estádio, o inconformismo aumentou ainda mais quando descobri que havia uma estúpida limitação de horário para fazer isso.
A bilheteria que faria a entrega dos ingressos ficaria aberta somente até às 12h00 do dia do jogo, como cheguei no Rio de Janeiro no domingo exatamente às 9h30 consegui retirar meu ingresso. Porém, um amigo que chegou na cidade maravilhosa por volta do meio dia, sabendo que seu tempo era escasso, desistiu de ir atrás do seu ingresso e pediu para um outro amigo comprar um novo ingresso para ele. Fiquei pensando o por quê da necessidade de retirar um ingresso na bilheteria se o mesmo foi comprado on line e da limitação do horário, contudo não cheguei a nenhuma conclusão, possivelmente por que tudo isso não faz nenhum sentido.
O reencontro com o que restou do Maracanã foi uma experiência estranha, não apenas pela quase completa descaracterização do estádio que ali um dia existiu (do antigo Maracanã sobrou apenas a casca e o nome), mas por toda a atmosfera que cercava o lugar. Excesso de civilidade dos monitores e do locutor com microfone na rampa de acesso com as boas vindas, estande oferecendo bexigas em forma de animal e pintura de rosto e música clássica no final da partida. Quase nada ali lembrava que estávamos indo para uma partida de futebol. Não é questão de ser chato ou crítico, é simplesmente não se conformar com os rumos seguido pelo futebol.
Embora houvesse cadeira em tudo que é canto, lugar marcado, fiscal corrigindo a postura de quem sentava de forma errada (!) e a passividade imperasse; resisti e acompanhei o jogo onde eu quis, em pé e proferindo os xingamentos que eu considerava necessário fazer. Digamos que foi uma situação no mínimo curiosa, a maioria das pessoas ao redor sentadas e bem comportadas enquanto eu, um grupo de amigos e outros poucos torcedores completamente exaltados com a arbitragem, com as jogadas que não davam certo e com alguns tranqueiras do time, recebendo olhares de reprovação de gente que não conseguia dimensionar tudo aquilo que estava em jogo.
Não consigo imaginar o que essas pessoas acharam do jogo, porém algo me diz que elas se divertiram. Eu sinceramente não gostei muito daquilo que aconteceu dentro de campo, durante os noventa minutos vi um São Paulo cometendo algumas erros grotescos na defesa ( que quase resultaram em gol para a equipe adversária), e totalmente sem criatividade e inspiração no meio de campo e no ataque, criando e finalizando muito pouco. O ponto conquistado mediante um empate sem gols contra o Botafogo talvez não tenha sido um mal resultado, todavia quando se está na zona de rebaixamento, precisando somar a maior quantidade possível de pontos a cada jogo para fugir das últimas posições, não tem como não lamentar os pontos deixados pelo caminho.