segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Inseparável

Final de semana prolongado, segunda rodada do campeonato estadual, time reserva em campo, adversário risível e tempo chuvoso. Usarei as palavras de Nick Hornby presentes em seu excelente livro Febre de Bola, para tentar entender o que motivou eu e os outros 6965 torcedores a estarmos presentes sábado a tarde no Morumbi.

Página 17: "... o que diferencia aqueles que se satisfazem com meia dúzia de jogos por ano- assistindo às grandes partidas e se afastando das peladas, numa postura certamente sensata- daqueles que se sentem obrigados a comparecer a todos? Para que viajar de Londres a Plymouth numa quarta-feira, sacrificando um feriado precioso, para ver um jogo cujo resultado já foi efetivamente decidido na primeira partida em Highbury? E se esta teoria do ato de torcer estiver perto da verdade, que inferno estará enterrado no subconsciente das pessoas que vão aos jogos da Taça Leyland DAF ?."

Página 135: " Vou ao futebol por um monte de razões, mas não para me divertir, e quando olho em torno num sábado e vejo aqueles rostos tristes e apavorados, vejo que outros sentem a mesma coisa."

Página 163: " Eu pertencia à outra categoria: aqueles que estavam lá porque sempre estavam lá."

Página 191: " Meus amigos que não curtem futebol e meus familiares nunca conheceram alguém mais louco do que eu; na realidade, estão convencidos de que sou tão obcecado quanto é possível ser. Mas sei que existem pessoas que considerariam o nível do meu comprometimento- todos os jogos em casa, um punhado de jogos de fora, e um ou dois jogos dos reservas e dos juvenis por temporada - insuficiente."

Página 214: " O que imagino que aconteceria comigo se eu não fosse a Highbury certa noite e perdesse um jogo que talvez fosse crucial no resultado final da disputa do campeonato, mas que dificilmente prometeria um espetáculo imperdível? A resposta, acho eu, é esta: tenho medo de no jogo seguinte, o que vier depois do que eu perder, não conseguir entender alguma coisa que esteja acontecendo, como um refrão qualquer ou a antipatia do público para com um dos jogadores; pois assim o lugar que eu mais conheço no mundo, o único local fora da minha própria casa onde sinto que me encaixo absoluta e inquestionavelmente, terá se tornado alienígena para mim."

Página 197: " O futebol significa coisa demais para mim, veio a representar coisas demais, e sinto que já assisti a jogos demais, gastei dinheiro demais, fiquei preocupado com o Arsenal quando devia estar me preocupando com outras coisas e abusei da indulgência de amigos e familiares. Ainda assim, há ocasiões em que ir assistir  a uma partida é a ocupação mais válida e prazerosa que consigo imaginar."

2 comentários:

  1. Não há como não se identificar com essas passagens.

    Apesar de ter ido bem menos jogos que muito são-paulino por aí, hehe

    ResponderExcluir
  2. Rafael,

    Febre de Bola fica melhor a cada releitura.
    Abraço

    ResponderExcluir