terça-feira, 12 de junho de 2012

Era uma vez o futebol

Pisei pela primeira vez em um estádio de futebol vinte e cinco anos atrás, exatamente no dia 23 de Agosto de 1987. Depois de muita insistência, meu pai (palmeirense) finalmente cedeu aos meus pedidos e me levou no Morumbi para assistir a segunda e decisiva partida da semifinal do Campeonato Paulista daquele ano, justamente contra o seu Palmeiras.
Lembro até hoje que naquele dia, um domingo ensolarado, minha mãe fez o almoço mais cedo para que a gente pudesse sair de casa com tempo suficiente para chegar no estádio. Lembro também que nas proximidades do Morumbi, fiquei espantado com a enorme multidão que tomava conta das ruas, pois até então eu nunca tinha visto tanta gente se encaminhando para um mesmo lugar.
Dentro do estádio o que mais me impressionou foi o tamanho do campo e principalmente, a atmosfera criada pelas duas torcidas. As cantorias, as provocações, as bandeiras, as faixas, o papel picado, a fumaça colorida, as cornetas, os batuques e o estádio dividido meio a meio- poder presenciar e participar de tudo aquilo, foi fundamental para solidificar de vez todo aquele amor que um garoto de 7 anos de idade começava a sentir pelo futebol e pelo São Paulo Futebol Clube.
Foi nos degraus de cimento das arquibancadas do Cícero Pompeu de Toledo, sempre com muita festa onde eu aprendi o que é ser torcedor de futebol e a vivê-lo em sua plenitude, saboreando a felicidade e a euforia das vitórias, mas também amargurando a tristeza e a perturbação das derrotas. 25 anos depois dessa minha primeira visita ao Morumbi, me entristece e me causa um profundo desgosto saber que a maioria daqueles elementos que me causava tamanho fascínio, hoje pertence a um passado cada vez mais distante.
Com todas as proibições e restrições impostas aos torcedores ao longo dos últimos anos, assim como a maldita elitização, o nojento padrão Fifa e o abominável futebol moderno, uma série de consequências maléficas incidem sobre o meio futebolístico, deixando-o cada vez mais combalido. Estádios de futebol, por exemplo, principalmente na cidade de São Paulo se tornaram ambientes frios, estéreis e cheio de opressão, que certamente não proporcionará para o filho que um dia talvez eu terei, nenhuma sensação parecida com aquelas que eu vivi naquele São Paulo 3 x Palmeiras 1 no final da década de 80.

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