Pisei pela primeira vez em um estádio de futebol vinte e cinco anos
atrás, exatamente no dia 23 de Agosto de 1987. Depois de muita insistência, meu
pai (palmeirense) finalmente cedeu aos meus pedidos e me levou no Morumbi para
assistir a segunda e decisiva partida da semifinal do Campeonato Paulista daquele ano,
justamente contra o seu Palmeiras.
Lembro até hoje que naquele dia, um domingo ensolarado, minha mãe fez
o almoço mais cedo para que a gente pudesse sair de casa com tempo suficiente
para chegar no estádio. Lembro também que nas proximidades do Morumbi, fiquei
espantado com a enorme multidão que tomava conta das ruas, pois até então eu
nunca tinha visto tanta gente se encaminhando para um mesmo lugar.
Dentro do estádio o que mais me impressionou foi o tamanho do campo e
principalmente, a atmosfera criada pelas duas torcidas. As cantorias, as
provocações, as bandeiras, as faixas, o papel picado, a fumaça colorida, as
cornetas, os batuques e o estádio dividido meio a meio- poder presenciar e
participar de tudo aquilo, foi fundamental para solidificar de vez todo aquele
amor que um garoto de 7 anos de idade começava a sentir pelo futebol e
pelo São Paulo Futebol Clube.
Foi nos degraus de cimento das arquibancadas do Cícero Pompeu de
Toledo, sempre com muita festa onde eu aprendi o que é ser torcedor de futebol
e a vivê-lo em sua plenitude, saboreando a felicidade e a euforia das vitórias,
mas também amargurando a tristeza e a perturbação das derrotas. 25 anos depois
dessa minha primeira visita ao Morumbi, me entristece e me causa um profundo
desgosto saber que a maioria daqueles elementos que me causava tamanho fascínio,
hoje pertence a um passado cada vez mais distante.
Com todas as proibições e
restrições impostas aos torcedores ao longo dos últimos anos, assim como a maldita
elitização, o nojento padrão Fifa e o abominável futebol moderno, uma série de
consequências maléficas incidem sobre o meio futebolístico, deixando-o cada vez
mais combalido. Estádios de futebol, por exemplo, principalmente na cidade de
São Paulo se tornaram ambientes frios, estéreis e cheio de opressão, que certamente não
proporcionará para o filho que um dia talvez eu terei, nenhuma sensação parecida
com aquelas que eu vivi naquele São Paulo 3 x Palmeiras 1 no final da década de
80.
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