sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Casa/Estádio


Sempre tive vontade de morar perto do estádio do São Paulo, mas nunca tive vontade de morar no Morumbi. Explico a incoerência das palavras acima escritas da seguinte forma: do mesmo modo que me agrada a idéia de estar separado por apenas uma pequena caminhada do lugar em que minha vida faz mais sentido, que seria ótimo poder apreciar o Morumbi da janela do meu quarto ou da sala e que adoraria ver minha casa sendo invadida por aquela maravilhosa atmosfera que toma conta das cercanias do Cícero Pompeu de Toledo em dias de jogos; eu não conseguiria morar em lugar onde existe uma associação de bairro nojenta composta por umas dondocas desocupadas, onde registra-se um dos maiores níveis de assalto a residências na cidade de São Paulo e onde o valor do metro quadrado é incompatível com meus rendimentos.
Confesso que atualmente esses pensamentos conflitantes envolvendo a questão casa/estádio já não me afligem tanto assim, e isso deve-se basicamente a dois fatores. Primeiro porque hoje em dia eu vivo muito bem em São Caetano do Sul, me sinto totalmente à vontade e completamente adaptado nesta pequena cidade do ABC Paulista onde nasci, me criei e construi e ainda construo minha vida; segundo porque mesmo estando distante uns trinta quilômetros do Morumbi, todas as vezes que o São Paulo vem até minha cidade enfrentar o São Caetano no Anacleto Campanella, dada a proximidade da minha casa com o estádio local o meu bairro momentaneamente transforma-se no Morumbi (sem os aspectos negativos do bairro da zona sul, diga-se), e posso vivenciar algo muito semelhante caso morasse nos arredores do estádio tricolor.
Quarta-feira quando lá pelas 18h30 eu me aproximava de casa após sair do trabalho, já era possível sentir aquele clima sem igual encontrado nas proximidades dos estádios de futebol. A minha rua estava tomada de torcedores com a camisa do São Paulo seguindo em direção ao campo, nas ruas um pouco mais abaixo os malditos flanelinhas começavam a extorquir motoristas que procuravam um lugar para estacionar e mais adiante cambistas e ambulantes disputavam espaço oferecendo seus produtos para todos aqueles que cruzavam seu caminho. O trajeto de casa até o estádio foi feito em uma caminhada de apenas seis minutos, tempo este curtido e vivenciado de uma maneira única.
A última vez que enfrentamos o São Caetano na casa deles tinha sido no Campeonato Paulista de 2011, confesso que já estava com saudade de pisar novamente naquelas arquibancadas meio de madeira meio de ferro do Anacleto Campanella. Na verdade muita gente estava saudoso deste jogo, tanto é que o estádio estava lotado, até o setor da torcida local que costuma ser frequentado por apenas umas três centenas de torcedores estava completo. Vi vários vizinhos e gente que conheço de vista, que possivelmente tem neste jogo contra o São Caetano no ABC a única chance de acompanhar o São Paulo no estádio marcando presença, tenho certeza que eles gostaram do que viram. Quanto a mim, digo que fiquei aliviado ao ver o time fazer um bom segundo tempo que garantiu a vitória, me proporcionando uma volta para casa, que na quarta-feira era uma extensão do estádio, em algo agradabilíssimo.


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