terça-feira, 24 de setembro de 2013

Inesquecível


O Serra Dourada é um estádio maldito, um lugar que só me traz más recordações. Uma das derrotas mais doídas que já presenciei em um estádio aconteceu ali. 2009, penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, se ganhássemos do Goiás no Serra Dourada uma simples vitória na última rodada contra o Sport no Morumbi nos garantiria um histórico tetra-hepta campeonato nacional. Perdemos o jogo de virada pelo placar de 4x1, e o Flamengo derrotou os gambás em Campinas em um jogo esquisitíssimo, assumindo a liderança da competição e sagrando-se campeão uma semana depois.
Quatro anos se passaram, contudo até hoje a lembrança de cada um daqueles quatro gols que tomamos e nos tiraram o título me perturba. Relendo o texto que escrevi um dia depois do jogo, onde ainda atordoado por todas as perdas falo sobre a impossibilidade de algum dia conseguir apagar da memória todos aqueles acontecimentos, vejo que minha suspeita se confirmou. Nunca consegui esquecer e superar aquela partida, duvido que algum dia eu consiga.
Depois daquele dia só fui voltar no Serra Dourada domingo passado. Novamente a experiência vivida por lá não foi nenhum pouco agradável: calor insuportável, desorganização total, briga entre as torcidas dentro e fora do estádio, muito azar, um gol inacreditável e uma derrota cruel no último minuto. Praticamente não deu nada certo, e assim como se sucedeu em 2009, tenho certeza que será impossível esquecer tudo o que eu vivenciei no Serra Dourada dois dias atrás.
Tudo começou com a superlotação do setor reservado para a nossa torcida. Era nítido que tinham vendido mais ingressos do que o local comportava, estávamos todos amontoados, não dava nem para se mexer. Como a torcida do Goiás não ocupou totalmente a arquibancada, a PM cedeu uma parte do espaço deles para a gente, foi aí que a briga começou. Acredito que os goianos se sentiram ofendidos e humilhados por perder território, então eles decidiram recuperá-lo na base da força.
Durante todo o primeiro tempo bombas de efeito moral e pedras foram atiradas na direção das duas torcidas. A situação era tão tensa que até o Rogério Ceni foi na direção da nossa torcida organizada pedir calma, felizmente não vi nenhum torcedor ferido. A briga que a polícia conseguiu evitar dentro de estádio se materializou do lado de fora, dessa vez como a luta foi corpo a corpo vi bastante gente machucada. Por sorte o filho da puta que tentou me acertar com um pedaço de tijolo tinha uma mira ruim e pude sair de lá são e salvo.
Nos momentos em que foi possível acompanhar o jogo sem ter que se preocupar em ser atingido por algum objeto, eu vi um jogo parelho e bem disputado, com os dois times criando e perdendo chances praticamente na mesma proporção. Caminhávamos para um empate sem gols, o que não seria um resultado ruim, porém uma cobrança de falta no final do jogo fez a bola explodir na trave e caprichosamente bater nas costas do Rogério indo parar no fundo da rede.
Foi uma derrota que doeu quase tanto quanto uma possível tijolada na cabeça. Deixar de somar pontos quando se está perigosamente próximo da zona de rebaixamento, é como colocar uma corda no pescoço e pedir para que um dos times que estão logo atrás a puxem. As vitórias nas rodadas anteriores deram uma afrouxada na corda, contudo ela nunca deixou de sair do nosso pescoço, ter consciência disso será fundamental para não nos enforcarmos nela no final do campeonato.

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